A pedofilia é um transtorno psiquiátrico em que um adulto ou adolescente mais velho apresenta uma atração sexual principalmente, ou exclusivamente, por crianças pré-púberes, com até 11 anos de idade. Uma pessoa que é diagnosticada portadora de pedofilia deve ter pelo menos 16 anos de idade, mas os adolescentes que tenham 16 anos de idade ou mais devem ser de pelo menos cinco anos mais velhos que a criança antes da atração poder ser diagnosticada como pedofilia.

O termo paedophilia erotica foi cunhado em 1886 pelo psiquiatra vienense Richard von Krafft-Ebing, em sua publicação Psychopathia Sexualis (1886). O termo surge em uma seção intitulada "A violação de indivíduos com menos de quatorze anos de idade", que se foca exclusivamente a aspectos forenses sobre a psiquiatria, relacionados a agressores sexuais de crianças em geral. Krafft-Ebing descreve várias tipologias de infratores, dividindo-os em origens psicopatológicos e não psicopatológicos e levanta a hipótese de vários fatores causais aparentes que podem levar ao indivíduo a abusar sexualmente de crianças.

Em 1908, o neuroanatomista e psiquiatra suíço Auguste Forel descreveu o distúrbio, propondo que fosse referido como "Pederosis", o "apetite sexual por crianças". Semelhante ao trabalho de Krafft-Ebing, Forel fez a distinção entre abuso sexual incidental por pessoas com demência e outras doenças cerebrais orgânicas, e o desejo sexual verdadeiramente preferencial e, por vezes, exclusivo para as crianças. No entanto, ele discordou de Krafft-Ebing quando afirmou que a condição deste último caso seria imutável.

O termo pedofilia tornou-se aceito pela comunidade médica e científica para denominação da condição patológica no início do século XX, aparecendo em muitos dicionários médicos populares, como o Stedman, em 1918. Em 1952, ele foi incluído na primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Ali, ele foi listado como um subtipo da classificação de "Desvio Sexual", e critérios de diagnóstico foram fornecidos. O manual seguinte, publicado em 1980, continha uma descrição completa da doença e forneceu um conjunto de diretrizes para o diagnóstico.

Essa desordem mental tem uma gama de definições, que podem ser encontradas na psiquiatria, psicologia, língua vernácula além da sua aplicação pelo ponto de vista da justiça criminal. A Classificação Internacional de Doenças (CID) a define como uma "desordem de personalidade e do comportamento do adulto", em que há uma preferência sexual por crianças pré-púberes ou no início da puberdade. É denominado distúrbio pedófilo no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). A publicação o define como uma parafilia na qual os adultos ou adolescentes com 16 anos de idade ou mais velhos têm necessidades sexuais intensas e recorrentes sobre crianças pré-púberes que lhes causam distúrbios.

Popularmente, a palavra pedofilia é muitas vezes usada incorretamente para significar qualquer interesse sexual em crianças ou o ato do abuso sexual infantil. Por exemplo, o dicionário médico American Heritage afirma que a pedofilia é o ato ou fantasia por parte de um adulto de se envolver em atividade sexual com uma criança ou crianças. Esse uso comum, por vezes, confunde o interesse sexual e contato sexual com menores pré-púberes ou pós-púberes. Os pesquisadores recomendam que estes usos imprecisos sejam evitados porque, embora as pessoas que cometem abuso sexual de crianças, por vezes, apresentem o distúrbio, muitos praticantes de crimes de abuso infantil não se encaixam às normas de diagnóstico clínico da pedofilia.

A pedofilia foi reconhecida formalmente no final do século XIX, e uma quantidade significativa de pesquisas na área vêm ocorrendo desde os anos 1980. Embora na maior parte documentada os homens sejam os principais indivíduos diagnosticados, também há mulheres que apresentam a doença, e pesquisadores afirmam que as estimativas disponíveis não são capazes de representar o verdadeiro número de pedófilas. Nenhuma cura para a pedofilia já foi desenvolvida, mas há terapias que podem reduzir a incidência em pessoas que já cometeram o abuso. Pesquisas sugerem que a pedofilia pode estar correlacionada com várias anormalidades neurológicas diferentes e, muitas vezes, coexiste com outros transtornos de personalidade e patologias já existentes. Nos contextos da psicologia forense na aplicação da lei, já foram sugeridas uma variedade de tipologias para categorizar os pedófilos de acordo com seus comportamentos e motivações.

Embora nenhuma cura tenha sido encontrado para a pedofilia, vários tratamentos estão disponíveis, que são destinadas a reduzir ou prevenir a expressão do comportamento pedófilo, reduzindo a incidência de abuso sexual de crianças. O tratamento da pedofilia muitas vezes requer a colaboração entre as autoridades policiais e profissionais médicos. Apesar do grande número de tratamentos desenvolvidos, a taxa de sucesso destas terapias é muito baixa.

Entre o final dos anos 1950 e o início de 1990, várias organizações e associações pedófilas se formaram para defender a reforma da "idade de consentimento", a fim de diminuir, ou abolir, a idade de leis de consenso, além da aceitação da pedofilia como uma orientação sexual, em vez de um distúrbio psicológico, e da legalização da pornografia infantil. Os esforços desses grupos não renderam qualquer apoio público e hoje os poucos que não foram dissolvidos têm apenas uma adesão mínima, mantendo suas atividades apenas na Internet.

O ativismo anti-pedofilia realiza a oposição aos pedófilos, sendo contra grupos de defesa dos pedófilos, e contra outros fenômenos que são vistos relacionados à pedofilia, como a pornografia infantil e o abuso de crianças. A maior parte das ações dos grupos anti-pedofilia envolve manifestações contra criminosos sexuais, contra os pedófilos que defendem a legalização da pedofilia e contra os usuários da Internet que negociam sexo com crianças.

Fonte:psicologia/pedofilia" target="_blank">InfoEscola