Introspecção e ação são quase antônimos, mas essas duas palavras resumem a próxima série da HBO produzida no Brasil. Psi é protagonizada pelo psinacalista, psiquiatra e psicólogo Carlo Antonini, que usa técnicas policiais para tratar seus pacientes e saiu dos livros do psicanalista Contardo Calligaris, que assina o roteiro dirigido por Marcus Baldini.

No primeiro episódio, por exemplo, ele sai no tapa com o pai de uma menina diagnosticada com demência. "Carlo também invade a casa de pessoas para saber seus segredos. Ele vira um MacGyver nessas horas", diz o ator Emilio Melo, intérprete de Antonini em encontro com a imprensa para lançar a série nesta quinta-feira. Com 13 episódios, Psi tem previsão de estreia para 2014, sem data definida.

As cenas de ação são intercaladas com diálogos intelectualmente intensos entre o protagonista e Valentina (Claudia Ohana), psicóloga com quem ele divide o consultório e que acaba de voltar de uma temporada a serviço da organização Médico Sem Fronteiras no sul do Sudão. "Eles são pessoas que se excitam com as ideias e, por isso, Valentina é o primeiro violino da série", diz Calligaris em alusão ao instrumento que conduz uma apresentação de música clássica e pode até substituir o maestro no ditame do ritmo.

No elenco de 240 atores, estão Raul Barreto e Otavio Martins, que fazem dois amigos de Antonini: o coveiro Severino – formado em filosofia e sepultador por vocação -- e o policial Roberto, respectivamente. "Eles sempre aparecem para ajudar o Carlo, seja para enterrar um corpo ou livrá-lo de encrencas", brincou Calligaris.

O clima aparentemente estranho da série combina com sua proposta de escarafunchar os meandros existenciais que povoam a mente das pessoas. "Cada episódio traz à tona questões existenciais e morais do mundo moderno sob a ótica de um psicanalista para quem as patologias mais estranhas são tão naturais quanto a trivialidade", descreve o material de divulgação distribuído aos jornalistas.

Nova lei - A série Psi é mais uma iniciativa impulsionada pela mudança na lei da TV paga, que criou cotas de conteúdo nacional na programação dos canais. A novidade gerou uma corrida desenfreada dos canais em busca de ideias originais. Segundo Roberto Rios, vice-presidente de Produções Originais da HBO na América Latina, a ideia de adaptar a obra do psicanalista Contardo Calligaris para a TV nasceu sem muita consistência. "Lemos seus artigos nos jornais e pensamos que ali tinha algo que nos interessava bastante."
Demorou mais de um ano para o canal chegar no formato de Psi. "Estamos investindo o orçamento adequado para poder trabalhar com um talento desses", disse Rios ao ser perguntado sobre o valor de produção da série -- e enaltecendo a "grife" Contardo Calligaris da estreia.

Fonte: Veja