"Aos poucos a pessoa vai direcionando sua vida para um caminho mais feliz e que faça sentido, ao mesmo tempo em que deixa para trás aquilo que não serve mais."

É comum lermos ou ouvirmos de psicólogos, terapeutas e médicos que o autoconhecimento é importante para a construção de uma vida melhor, com mais qualidade de vida. Perceber com mais consciência quem nós somos, entendermos nossas buscas, nossos medos, nossos desejos, reconhecendo nossos potenciais e fraquezas faz com que fiquemos mais fortalecidos e preparados para lidar com nós mesmos e com o outros. Pode parecer simples, mas não é, o exercício do autoconhecimento é complexo, constante e vale para todos, também, e principalmente, para os psicólogos.

Conheço pessoas que dizem: "Mas eu já sei porque tenho esse comportamento, já entendo na minha historia o que me levou a responder a vida dessa maneira, mas não consigo mudar". Entender os motivos é uma parte do autoconhecimento e nos leva a perceber mais claramente algumas situações e comportamentos, mas por si só não gera a mudança. As transformações precisam de tempo, reflexão, vontade, coragem e novas atitudes. Além disso, olhar para si mesmo exige que reconheçamos aspectos nossos desagradáveis ou inimagináveis, e isso não é tarefa fácil porque, muitas vezes, nos faz perceber que o problema que nos incomoda tanto no outro é também nosso.

E o lado bom?

Sim, existe o lado bom! O autoconhecimento exige, além de coragem e paciência, também uma disponibilidade para se colocar como prioridade, mesmo que a pessoa goste e queira ajudar os outros. Quando nos colocamos como prioridade, ganhamos liberdade e autonomia, assim ajudar os outros se torna uma escolha e não o resultado da culpa ou dependência. Ou seja, muitas pessoas ajudam as outras para se livrarem da culpa ou para garantir algo em troca, como uma forma de assegurar amor e atenção. A liberdade e a escolha tornam as coisas mais leves. Os laços de amor são fortalecidos pela confiança, não pela cobrança.

Muitas vezes as nossas decisões e buscas pessoais não são conscientes, acabam sendo mais emocionais do que racionais (mesmo que pensemos ao contrário). Perceber com mais consciência o processo daquilo que estamos buscando e/ou compensando nas nossas relações, nos ajuda a decidir de forma diferente, ao invés de repetirmos atitudes que já não queremos mais. Isso vale em qualquer área da vida. Por exemplo, um profissional que se sente culpado sempre que algo sai errado no trabalho e, para compensar, acaba sobrecarregado de funções e estressado. Não suportando mais essa situação, esse profissional busca ajuda e inicia o caminho do autoconhecimento, e então começa a perceber os motivos dessa sobrecarga recorrente, os ganhos inconscientes que tem com isso, o que está buscando compensar, se isso procede para a situação atual ou não etc.

Assim, quando algo sair errado novamente, ele já tem condições de analisar melhor o contexto e a si próprio e fazer um esforço consciente para não escolher absorver a culpa, encontrando uma saída mais satisfatória. Esse é o processo da mudança e do bem estar. Aos poucos a pessoa vai direcionando sua vida para um caminho mais feliz e que tenha sentido, ao mesmo tempo em que deixa para trás aquilo que não serve mais.

Como me conhecer melhor?

No nosso mundo cotidiano, acumulamos cada vez mais obrigações e deveres, somos sobrecarregados com informações, cobranças e vivemos na era da ansiedade. Por isso, é fundamental abrirmos um espaço no nosso dia a dia para nos priorizarmos, um momento de cuidado com a nossa alma, tão massacrada pelas cobranças. Esse espaço pessoal serve para recarregarmos nossas energias, termos um tempo para nos entender e nos respeitar, com paciência, firmeza e muita generosidade.

O autoconhecimento não torna o mundo simplesmente mais fácil. Ele nos fortalece para lidarmos de uma forma mais positiva com o mundo, e à medida que isso acontece vamos ganhando autoconfiança e motivação para continuar.

Para trilhar o caminho do autoconhecimento existem boas opções. A psicoterapia é uma ótima maneira de olhar para si próprio e promover mudanças, mas existe outras formas como a meditação, o coaching e outras alternativas terapêuticas. O importante é estar com um bom profissional e fazer constantemente uma auto reflexão, se a terapia escolhida está trazendo ganhos e mudanças na vida, se nesse caminho está se conhecendo melhor, se sentindo uma pessoa mais completa e realizada.

Autora: Marcela Pimenta Pavan

Fonte: A Caminho da Mudança