Em altas dosagens, antidepressivos podem levar o indivíduo a ter comportamentos suicidas, segundo um estudo realizado pela Faculdade de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, e publicado nesta segunda-feira no periódico Jama Internal Medicine.

A pesquisa contou com a participação de 162 625 pessoas com idades entre 10 e 64 anos e que foram diagnosticadas com depressão. Todas iniciaram, entre 1998 e 2010, o tratamento com uma das classes de antidepressivos mais prescritas por médicos, chamada inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), em particular fluoxetina, o citalopram e a sertralina. A única diferença foram as doses do medicamento: um grupo utilizou uma dosagem considerada usual e o outro foi medicado com uma dosagem mais alta.

Os pesquisadores constataram que aqueles que começaram a terapia com as doses mais altas tinham duas vezes mais comportamentos suicidas do que o outro grupo. Segundo os dados do estudo, havia um comportamento suicida — que inclui desde pensamentos sobre morte até o suicídio em si — em cada 150 pacientes tratados com altas doses. Apesar dos resultados, a pesquisa não explica por que altas doses podem aumentar a incidência desse comportamento.

"Também constatamos que a eficácia dos antidepressivos entre os pacientes de até 24 anos foi modesta e vimos que a dosagem não é necessariamente relacionada ao melhor efeito do medicamento. Nossa pesquisa é um incentivo aos médicos a evitarem a alta dosagem para o tratamento sem necessidade e a monitorarem de perto os pacientes que tomam antidepressivos", explica Matthew Miller, coautor do estudo e professor do Faculdade de Saúde Pública de Harvard.

Fonte: Revista Veja.com