Em 1960, tendo como base alguns estudos de Kurt Lewin, pesquisadores deram início a construção da psicologia Ambiental. Pouco utilizada no meio psicológico, mas de grande importância e relevância, esta abordagem psicológica compreende o comportamento humano e sua relação com o meio ambiente.
Mais tarde, deu-se mais visão a essa abordagem devido ao aumento da poluição, o aquecimento global e outros fenômenos que começaram a ser destacados como prejudiciais a saúde física e mental, refletindo nas representações coletivas.
A crise da água que sofremos nos últimos meses teve que ser a mais grave da história para que pudéssemos voltar alguma atenção as nossas ações corriqueiras, que até o momento pareciam inofensivas, pois a água nos apresentava como ‘eterna’. Mas agora, com o retorno das chuvas, a tendência é esquecermos desses ‘maus bocados’ e tornarmos a automatizar nossas ações.
No cotidiano tão corrido do sistema capitalista que vivemos, não há tempo para aproveitar os pequenos momentos em relação ao ambiente natural, reclamamos quando faz chuva e tornamos a reclamar quando faz sol. Mas, de certa forma, passamos o dia tão trancafiados dentro de escritórios, veículos, home office, que nem nos importamos em saudar as dádivas que a natureza nos proporciona e a importância desses fenômenos para a nossa convivência saudável em sociedade.
Desta forma aconteceu também com o início do aquecimento global e o derretimento das calotas polares, em um instante aquilo se tornou motivo de programas de televisão, abaixo assinados, dentre outras mobilizações, mas e hoje? Ainda estamos antenados neste assunto? Como estão os ambientes gelados?
A interação com o ambiente natural tem sido estudado a partir da possibilidade de cura, mesmo que momentânea, de patologias como depressão, ansiedade, estresse, entre outros. Estudos neuropsicológicos abordam quais áreas do cérebro são ativadas quando ouvimos sons da cidade e sons da natureza, ou quando vemos paisagens de concreto e paisagens naturais, assim é possível verificar as reações neuroquímicas (hormônios liberados pelo organismo) que acontecem.
É por este motivo também que desejamos tanto o final de semana, nossas férias e, na maioria das vezes, desejamos viajar para um local que nos afaste do ritmo acelerado da cidade e do trabalho que não nos sai da cabeça todos os dias.
Esse desejo de contato com a natureza é, de certa forma, inato, pois nossos antepassados viviam na natureza, tirando seu sustendo e se reproduzindo em contato com um ambiente que hoje é praticamente inalcançável.
Quando estamos em contato com o ambiente natural, nosso cérebro libera substâncias que nos fazem mais felizes e relaxados, como a sensação de comer um chocolate naquele dia que estamos com bastante vontade ou a de ficar com as pessoas das quais gostamos muito.
Estar bem consigo mesmo e com o ambiente resulta em um estado mais saudável para o corpo e para a mente, para uma ciência que preza pelo bem estar do ser humano e considera o ambiente, muitas vezes, como um importante fator que influencia no desenvolvimento e no estado mental, é essencial que essa relação seja considerada e estudada.
Alguns autores e importantes contribuintes da psicologia consideram o ambiente como fator indispensável para estudo das patologias, aqui como exemplo, serão apresentados três deles: Jung considera que o ambiente é importante a partir de sua teoria do inconsciente coletivo, na qual considera a psique coletiva no seu embate com o ambiente externo e suas exigências, gerando o inconsciente pessoal. Winnicott e Rogers, por sua vez, dizem que um ambiente facilitador é imprescindível ao desenvolvimento humano.
Desta forma, podemos concluir que a automação e as cobranças do nosso cotidiano nos impede de considerar a natureza como algo benéfico e imprescindível a sobrevivência saudável. Vivemos em um ambiente doente e nos recusamos a mudá-lo, a transformá-lo, se fossemos um pouco menos egoístas e focados nos bens materiais, conseguiríamos viver em sociedade de uma forma melhor a todos.
Fonte: psicologia-conheca-a-psicologia-ambiental/" target="_blank">Mundo da psicologia