A relação entre o dinheiro e a felicidade foi objeto de numerosos estudos por parte de economistas, sociólogos e psicólogos. O debate não está encerrado em absoluto. Algumas pesquisas acadêmicas, como a apresentada há alguns anos pelo IESE, concluíam que nem sempre o dinheiro permitia comprar mais felicidade. Nem sequer o conceito de felicidade é totalmente indiscutível.

O Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) britânico se juntou ao debate com um estudo recém-publicado que mostra que a riqueza se relaciona diretamente com o bem-estar e a felicidade. "Há muitas coisas na vida mais importantes que o dinheiro. Mas custam caro!". A frase que se atribui a Groucho Marx se encaixa com algumas das conclusões do estudo publicado pelo ONS, o organismo estatístico oficial britânico, equivalente ao IBGE no Brasil.

A pesquisa, divulgada pela Reuters na sexta-feira, conclui que o nível de bem-estar e satisfação pessoal, de autoestima e de felicidade são maiores, e que o nível de ansiedade é menor, à medida que aumenta a riqueza da família da qual faz parte uma pessoa. O que mais importa, para que a felicidade cresça, é o nível de riqueza acumulada e não o de renda, segundo o ONS.

E qualquer tipo de riqueza não é igual. O estudo estatístico demonstra que a riqueza financeira líquida é a que mais se relaciona com o bem-estar pessoal e, em particular, com a satisfação pela vida. Outros tipos de riqueza, como a posse de bens (como carros, antiguidades, joias e selos) aparecem menos relacionados com a felicidade.

Se a felicidade traz dinheiro?

A pesquisa do ONS usou dados da enquete sobre riqueza e ativos, à qual se incorporaram, pela primeira vez, perguntas sobre o bem-estar pessoal em 2011 e 2012. O estudo desconsidera a importância de outros fatores como idade, sexo, etnia e estado de saúde para centrar-se apenas na relação entre renda e riqueza com diferentes indicadores de bem-estar e felicidade.

O nível de bem-estar pessoal se mede na enquete com quatro perguntas, uma delas relacionada especificamente à felicidade. Os entrevistados qualificaram entre 0 e 10 seu grau de satisfação, autoestima, felicidade e ansiedade. De uma maneira geral, as pessoas se declararam bastante felizes, mas há uma correlação clara entre maiores níveis de riqueza e de renda com uma maior felicidade.

Na verdade, o estudo é prudente e mostra que existe uma correlação entre os dois fatores, mas como é a primeira vez que se realiza, sequer pode se atrever a garantir uma relação de causalidade. Ou seja, o relatório diz que é possível que o dinheiro traga a felicidade, assim como que a felicidade seja a responsável por trazer o dinheiro.

O relatório destaca que pode haver uma relação recíproca entre ambas as variáveis. Além disso, a pesquisa foi feita durante uma crise econômica, de modo que a relação entre riqueza e felicidade poderia ser diferente em outras circunstâncias. O debate, então, continua aberto.

Fonte: El País