A gente cresce sabendo que não deve idealizar nada nem ninguém, mas a missão se torna quase impossível diante de um bebezinho... Se você tiver conseguido vencer a gravidez sem fazer projeções românticas sobre seu futuro próximo, é bem capaz que ceda diante daquela criaturinha tão linda, tão terna, tão perfeita... Perfeita? Pois é, depende de que uso estamos fazendo da palavra... A chance de planejar e, principalmente, se preparar para a chegada de um filho é preciosíssima. Nos dá a oportunidade de estudar, de aprender, de tomar (pelo menos um pouco de) intimidade com o universo infantil, com os primeiros passos, com as orientações dos especialistas... Lidos os best sellers e visitados alguns dos sites mais badalados, já podemos, ainda que mentalmente, montar nosso guia particular do que fazer pra dar tudo certo.

Mas aí mora também uma armadilha. Dizem, e é quase sempre verdade, que você vai se descobrir: vai ter sensibilidade, vai saber fazer, vai saber falar, vai saber educar e que o resultado, claro, só pode ser positivo. E será. Só que o tempo vai passando e, uma bela hora, a gente descobre que, além de positivo, o saldo é também imperfeito. Vai chegar um momento, em um contexto X ou Y, em que você vai falar, vai tentar, vai insistir, e seu bebezinho lindo, agora um menininho ou menininha, não vai responder da forma que você esperava. E o mais difícil aqui talvez não seja a resposta que ele escolheu pra dar, mas sim a frustração diante do óbvio: ele não é perfeito, e nem sempre as coisas serão como você quer.

Lidar com gente tem dessas coisas, e quando a "gente" em questão é fruto das nossas decisões, a frustração dói de uma forma um pouco mais complexa. É como se sua habilidade para educar estivesse sendo testada a todo momento, e um deslize no comportamento dele fosse um deslize seu. Nem sempre é. Primeiro porque, embora mãe e filho estejam absolutamente conectados, é fundamental (para ambas as partes) entender que não são a mesma pessoa. Depois, porque crescer é complexo, envolve um monte de fatores e, sim, o deslize faz parte do processo. Fez parte do meu processo, do seu, e fará parte do de toda criança, não há dúvidas. Na mesma medida em que é nossa responsabilidade cuidar pra que os deslizes sejam mínimos, também é nosso papel compreender e aceitar o deslize.

Ainda assim, muitos de nós somos, de alguma forma, levados a acreditar que é possível acertar sempre, e que essa deve ser a meta. Afinal, nunca foi tão fácil, nunca houve tanta informação, nunca tantos guias estiveram ao alcance dos nossos olhos! Difícil, nessa era de tanta técnica e conhecimento, parece ser saber a hora de largar os guias de lado e educar com o que se tem de mais genuíno: amor e imperfeição

Fonte: Equilibrosa