Muitas crianças apresentam dificuldades escolares: dificuldades para aprender Matemática, para ler e escrever, outras apresentam dificuldades em se concentrarem na sala de aula. Para essas últimas, alguns profissionais ou pais (angustiados) antecipam-se em diagnosticá-las como crianças que têm problema neurológico intitulado de TDHA (Transtorno de Déficit de Atenção), dislexia ou hiperatividade. E diante desse diagnóstico, logo são ministrados medicamentos.
Não é por acaso que o número de caixas do medicamento Cloridrato de Metilfenidato consumidos no Brasil, subiu em dez anos (2000 a 2010) de 70 mil para 2 milhões segundo IDUM( Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos).
O que aconteceu aqui? Porque um número tão expressivo?
Podemos e devemos antes de darmos um diagnóstico que a classifiquem como alguém com problemas neurológicos ou psiquiátricos, nos perguntarmos: O porquê de sua desatenção? O que está acontecendo com elas? Será que precisam de óculos? Estão dormindo bem? Como estão seus pais? Alguma mudança na estrutura familiar? Problemas de trabalho, com álcool ou drogas na família? Mudança de residência? Alguma doença? Brigas? Violência?
Enfim, a lista pode ser enorme e somente depois deveríamos fazer a investigação neurológica e psiquiátrica.
Sabemos que nem todas as crianças aprendem sempre no mesmo rítmo ou tem facilidades e ou dificuldades com as mesmas matérias.
Então, devemos nos perguntar por que em nosso País estamos diagnosticando desmesuradamente crianças que têm dificuldades na escola, como disléxicas, hiperativas ou com transtorno de atenção.
Como podemos fazer para não incorrermos no erro de reduzir as dificuldades que as crianças apresentam a seu sistema físico-químico? Como fazer para dar oportunidade a essa criança de falar sobre o que lhe acontece? Para que elas possam colocar em palavras (ou através do jogo e desenho) aquilo que ela está mostrando com seu corpo e seu comportamento?
Um olhar e uma escuta atenta dos professores em relação a seus alunos é de fundamental importância, para que os problemas que eles apresentam não sejam atribuídos somente ao que acontece com seu corpo. É evidente que é através dele que as crianças mostram os sinais das dificuldades ou dos conflitos que elas estão sentindo, seja ele qual for. Porém, suas dificuldades não se reduzem ao que sentem nele, pois muitas vezes o que sentem em seu psíquico é o que o afeta.
Os educadores têm uma função que é essencial para o desenvolvimento do aluno e de orientação às famílias dos mesmos, pois á vezes os pais contarão apenas com essa possibilidade para se posicionarem melhor e procurarem um diagnóstico e tratamento adequados.
Andreneide Dantas
Fonte: Blog da escuta analítica