Wallon (1879-1962) nasceu em Paris e viveu nesse local praticamente toda sua vida. Teve formação acadêmica em Medicina e durante sua trajetória se aprofundou em diversos estudos, inclusive no campo da psicologia. Inicialmente partiu de estudos de casos patológicos para, por fim, chegar à criança. A pergunta que moveu seu interesse era como a criança, com toda sua imperícia, transformava-se em um adulto. Através de uma série de comparações (crianças com crianças, crianças com adultos, padrões normais e patológicos) Wallon foi capaz de apreender princípios que regulam o processo de desenvolvimento e, também, de identificar estágios relativos a esse processo. Desse modo, Wallon elaborou sua teoria do desenvolvimento.

A partir de uma concepção marxista, Wallon compreende que o desenvolvimento não é algo linear, mas comporta crises, conflitos e até mesmo regressões. Para ele, desenvolver é sair do estado de imersão social, no qual a criança não se diferencia dos demais, para um estado de individuação, via diferenciação. Assim, desenvolver implica em responder de forma cada vez mais específica às situações mais variadas.

Wallon não dissocia aspectos que são indissociáveis e analisa a pessoa sempre como um todo integrado. Para ele o indivíduo é constituído por quatro campos funcionais integrados que organizam o desenvolvimento. O primeiro campo é o moto, que fornece a base para todo o desenvolvimento subsequente. Através de movimentos expressivos ou instrumentais, nele está a forma efetiva de ação do indivíduo sobre seu meio. O segundo campo é afetividade e sua primeira expressão são as emoções, sendo que por meio dessas a criança se relaciona com os outros. O campo da inteligência decorre deste último, visto que as emoções precedem as condutas cognitivas e são elas que possibilitam as relações. Este campo está vinculado com a representação da realidade, as elaborações reflexivas e o raciocínio. Toda afetividade humana tem repercussões motoras, emocionais e cognitivas, por isso, apesar de possuírem uma especificidade funcional e estrutural, estes campos atuam sempre de forma integrada.

O último campo é a pessoa e é decorrente da integração dos três últimos campos funcionais. É a partir da pessoa integrada que ocorre a diferenciação progressiva, possibilitando que o ato moro culmine com o ato mental.

Para ver sobre os estágios do desenvolvimento definidos por Wallon continue lendo em psicologia do desenvolvimento de Henri Wallon – Parte II

REFERÊNCIAS
WALLON, H. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007

Autora: psicologia.com.br/colunista/15/" target="_blank">Stéfany Bruna