Adolescência do latim significa "crescer para". Assim, em sua raiz etimológica esse termo já aponta para uma fase de transição e de passagem. Como período de transição, a adolescência é, sobretudo, a passagem da atitude de um simples expectador para o de um ativo questionador. Pode-se dizer, analogicamente, que a adolescência é como o período em que a lagarta entra em seu casulo, se preparando para sua nova fase. É na adolescência que ocorre o processo de transformação do corpo ("estirão", caracteres sexuais) e consequentemente de ideias, pensamento e ações.

A puberdade acompanha toda a história da humanidade, a adolescência não! A adolescência é uma formação cultural, é uma categoria histórica da modernidade. O individualismo moderno inventou a infância e a adolescência é seu derivado contemporâneo. Tem-se a adolescência como um momento de passagem e ao mesmo tempo de espera indefinida. Para Calligares (2000) o adolescente é alguém que teve tempo suficiente para assimilar os principais valores de convívio de sua sociedade e que está com o corpo maduro para efetivar as tarefas que esses valores demandam. Mas é nesse exato momento que a sociedade impõe uma moratória – a autorização para realizar os valores é postergada.

Esse tempo de transição é misterioso. O adolescente vive confuso, pois não sabe quando e nem como vai sair dessa fase. Ele se sente obrigado a ser feliz, por estar em um momento que é socialmente idealizado por todos. Assim, seus sentimentos e comportamentos podem ser reações a uma moratória injusta. O adolescente deixa de ser a criança amada, mas não é um adulto reconhecido. A sociedade pode considerar sua maturação, mas não sua maturidade (CALLIGARIS, 2000). Eis aí um de seus grandes conflitos!

Referências: CALLIGARES, C. A Adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000.

Autora: psicologia.com.br/colunista/15/" target="_blank">Stéfany Bruna