Revirar-se de um lado para o outro na cama ou ter um friozinho na barriga na véspera de um evento importante, como uma prova ou entrevista de emprego, é sinal normal de ansiedade.

O problema é quando os sintomas aparecem sem motivo aparente e são constantes — medo, inquietação, irritabilidade, taquicardia, falta de ar e aumento da pressão são sinais de ansiedade patológica.

O problema atinge 33% da população, segundo a Organização Mundial de Saúde, e 4 em cada dez brasileiros, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (Ipom).

"A ansiedade é uma coisa boa, é uma reação do organismo a uma situação de perigo. O problema é quando a gente dispara este mecanismo do cérebro para ‘‘coisas bobas’’ ou imperceptíveis. Isso pode gerar um ataque de pânico" diz a psicoterapeuta Myriam Durante, autora do livro "Ansiedade: aprenda a controlar sua ansiedade e viva melhor".

Em seu livro, a psicoterapeuta defende que a ansiedade pode ser tratada sem o uso de remédios: – O tratamento pode ser feito com técnica de hipnose e relaxamento, respiração, autoconhecimento e terapia. Técnicas de positividade também ajudam, já que o ansioso costuma ser muito negativo.

Algumas pessoas estão mais propensas a sofrerem de ansiedade, diz o psiquiatra Sander Fridman, do Hospital Adventista Silvestre.

Os ansiosos são pessoas mais controladoras, que projetam tipicamente uma percepção negativa para o futuro, enquanto os depressivos o fazem para o passado — explica o especialista, que faz uma relação entre os dois males: Depressão e ansiedade podem coexistir na mesma pessoa.

E não é à toa que a ansiedade foi apelidada, por muitos especialistas, de "doença do século".

Para a psicoterapeuta, a falta de tempo e o uso excessivo de tecnologias — muitas que causam vício, como o celular – aumentaram os casos de ansiedade. "Estamos vivendo no automático, com pressa, grudados no celular, irritados com o trânsito. Com menos tempo, estamos sempre preocupados se estamos fazendo tudo correto, e, às vezes, nos culpamos, não conseguimos dormir".

Médicos receitam remédios

Psiquiatras, porém, acreditam que o tratamento para ansiedade não deve ser feito apenas com terapia.

" O tratamento é feito com antidepressivos e tranquilizantes. Em certas circunstâncias, outros medicamentos podem ser usados, como os anti-hipertensivos" — diz o psiquiatra Rodrigo Pessanha — Mas também são indicados tratamentos não farmacológicos, como a terapia cognitivo-comportamental, técnicas de meditação e, mais atualmente, as técnicas de "mindfulness".

O psiquiatra Sander Fridman faz eco à voz do médico: " Medicamentos como antidepressivos, antipsicóticos, antiarrítmicos, antiasmáticos podem ser convenientes.

Ansiedade também é sinal de outros transtornos. "Quando há ansiedade em excesso, pode desencadear transtornos como pânico, fobia social, transtorno do estresse pós-traumático e transtorno obsessivo compulsivo (TOC)" — alerta Rodrigo . No transtorno do estresse pós-traumático, por exemplo, o indivíduo passou por uma situação estressante e tem episódios de ‘flashback’, vivencia aquela experiência, extremante ansiosa, várias vezes.

COMO SE DESENCADEIA UMA CRISE DE PÂNICO?

1. Início

– Você está calmo e, mesmo sem perceber, algo provoca um incômodo.

– Seu cérebro percebe algum perigo e sua respiração se modifica (ficando mais acelerada).

– Você começa a sentir que algo de ruim pode acontecer.

2. Ansiedade

– Surgem sintomas como taquicardia, tremores, dores no peito.

– Ataque de ansiedade: a crise gera uma hiperventilação (respiração rápida demais pela boca), aumentando os níveis de oxigênio (O2) no sangue e liberando grande quantidade de monóxido de carbono (CO2).

– Medo e agitação: é comum sentir vontade de chorar e ter a sensação assustadora de que vai morrer.

3. Fim

– Quando tudo finalmente termina, você está exausto, porque o ato de hiperventilar é um trabalho muito pesado.

PRÁTICAS SIMPLES QUE PODEM DIMINUIR A ANSIEDADE

1. Respiração longa e profunda pelo nariz:

Ajuda a dominar os estados emocionais e recuperar a calma. Pode ser praticado todos os dias, até que o organismo memorize o processo.

-Como?: Faça 10 inspirações por minuto – metade do ritmo de um adulto saudável, que, no mesmo intervalo, respira de 16 a 20 vezes. Ela deve acionar predominantemente o diafragma como nos bebês, que expandem o abdômen e não o tórax ao respirar.

2. Saco de papel num ataque de ansiedade:

Quando se inspira o mesmo ar no saco de papel, ele se torna mais rico em dióxido de carbono e mais pobre em oxigênio, restabelecendo um equilíbrio normal.

– Como?: Coloque o saco de papel sobre o nariz e a boca e respire somente pela boca. Em pouco tempo sua respiração ficará normal e os músculos do corpo, relaxados. Depois, faça a respiração nasal até se sentir calmo.

3. Reduzindo o ritmo:

Experimente passar menos tempo no celular e evite levar trabalho para casa. Lembre-se que se você não descansar, não terá energia suficiente para enfrentar o dia seguinte.

4. Meditação ou outra prática de relaxamento:

Ache um tempo para ficar com você, através de uma atividade que te agrade e traga paz. Poucos minutos de meditação por dia, mesmo que no início pareça difícil, já ajuda a diminuir a ansiedade.

Fonte do conteúdo e da imagem: Fãs da Psicanálise