Como nos ensinam Maria Aparecida Moysés e Cecília Collares, o processo de medicalização desloca para o campo médico problemas que fazem parte do cotidiano dos indivíduos. Desse modo, fenômenos de origem social e política são convertidos em questões biológicas, próprias de cada pessoa.
Na educação escolar é bastante evidente a conexão entre problemas neurológicos e o não aprender ou não se comportar de forma considerada adequada pela escola. Dentre as muitas disfunções comumente associadas ao desempenho escolar de crianças, destacamos o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Crianças consideradas desatentas e/ou hiperativas são encaminhadas para serviços de saúde e boa parte das vezes são "tratadas" com metilfenidato do grupo das anfetaminas, que atua como um estimulante do sistema nervoso central, potencializando a ação de duas substâncias cerebrais: a noradrenalina e a dopamina. No Brasil são comercializados Ritalina®, Concerta® e Venvanse®
Apesar da complexidade que envolve este diagnóstico, da imprecisão na própria definição do transtorno, do desconhecimento sobre todos os fatores envolvidos na ação do medicamento sobre o sistema nervoso central e das advertências feitas pelo próprio fabricante sobre reações adversas e riscos de dependência, o consumo do medicamento aumenta em velocidade crescente.
Com base em dados da ANVISA relativos ao gerenciamento de produtos controlados, o Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade elaborou em junho de 2015 uma nota técnica sobre o consumo de psicofármacos.
Vamos ler, refletir sobre os dados, denunciar a degradação da infância e principalmente lutar pelo direito das nossas crianças a uma vida digna!
Fonte: Compartilhando saberes