Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revelaram que a prática pode levar, sim, à perfeição quando o assunto é aprender algo novo. Em um estudo, publicado no jornal PLOS Biology, eles comprovaram que praticar o ato de "prestar atenção" pode aumentar o desempenho em uma nova tarefa.

A pesquisa funcionou da seguinte forma: durante um mês, doze voluntários foram ao laboratório para participar de um jogo para lá de entediante. Enquanto as suas atividades cerebrais eram analisadas – a partir de eletrodos colados em suas cabeças – os participantes precisaram olhar para uma tela de computador. Nela, dois círculos listrados de preto e branco apareciam e desapareciam duas vezes em cada uma das metades do display.

O objetivo dos voluntários era escolher quais desses "flashes" tinham o círculo com o maior contraste entre as suas listras. Em uma das sessões, os participantes foram avisados onde o círculo com contraste poderia aparecer e foram direcionados a prestar toda a sua atenção naquele ponto específico. Em outra, eles foram obrigados a dividir sua atenção em ambas as metades da tela.

A explicação por trás da escolha desse game é que o sistema visual do ser humano detecta mudanças de contraste com certa facilidade. Assim, ao pedir aos participantes para avaliarem os círculos, os cientistas foram capazes de comparar seus desempenhos com o que estava acontecendo dentro de seus cérebros – mais especificamente no córtex visual, local onde as imagens são processadas.

O que o experimento mostrou é que os voluntários que foram direcionados a focar em apenas uma parte da tela aprenderam a escolher o círculo com contraste mais rapidamente após dois ou três dias de treinamento. Após esse período, eles chegaram a um platô, ou seja, pararam de melhorar seu desempenho. Entretanto, eles ainda assim tiveram performances melhores do que quando começaram o jogo.

A melhora dos participantes também foi revelada nas leituras de seus eletroencefalogramas. Os exames mostraram um aumento na atividade elétrica de seus cérebros durante os primeiros dias de treinamento. Porém, o pico de aprendizado desapareceu quando o desempenho na tarefa se estabilizou.

Para os pesquisadores norte-americanos, essa fase automática (em que a pessoa para de melhorar) pode significar que o cérebro está focado em exatamente o que precisa para realizar a tarefa.

A descoberta dos cientistas é uma possível resposta a uma pergunta que ainda não foi respondida pela ciência: como prestar atenção realmente ajuda as pessoas a aprenderem?

Uma teoria sugere que o foco faz com que a informação crítica ganhe destaque no cérebro, enquanto outra indica que o foco diminui o ruído ao redor do dado principal. É como se o cérebro fosse uma orquestra em que o volume de um instrumento é aumentado (teoria um) ou o volume do resto dos instrumentos é diminuído para destacar apenas um (teoria dois).

O que esse estudo sugere é que ambos os processos são importantes para a aprendizagem. A única diferença é que um deles é essencial no início do treinamento e o outro é necessário apenas no final.

Fonte: Exame

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