A literatura sobre a meditação e os seus benefícios é extensa. Aprender a meditar deixou de ser uma novidade trazida do Oriente para se tornar um hábito comum para muitos ocidentais. Isso ocorreu porque existe uma estreita relação entre corpo, mente e meditação.
As inúmeras vantagens que essa prática oferece a quem treina diariamente são muitas, mas hoje queremos falar sobre como e por que ela funciona. Ou seja, quais são as mudanças que ocorrem no cérebro e no corpo através de uma prática constante.
Para entender a relação entre corpo, mente e meditação, isto é, como a meditação molda o cérebro e como esta modelagem influencia as nossas emoções e o nosso corpo, existem algumas questões técnicas que devemos conhecer. Vamos vê-las a seguir.
Bem-vindos ao fascinante mundo do cérebro
Vamos abrir a porta do nosso cérebro para explicar quais áreas participam da meditação e como elas funcionam.
O córtex pré-frontal lateral é a estrutura cerebral que nos permite ter uma perspectiva mais racional. O córtex pré-frontal lateral participa da modulação das experiências emocionais e restringe a tendência de levar as coisas para o lado pessoal. É conhecido como o Centro de Avaliação.
O córtex pré-frontal medial é a parte do seu cérebro que constantemente fala com você sobre você, sobre suas experiências, suas ideias, suas vivências. Processa todas as informações relacionadas a você e ao seu relacionamento com os outros. Nós o conhecemos como o centro do "eu" ou centro de auto-referência. É composto por duas seções: uma que participa do aumento da ruminação e preocupação. E outra que é muito importante para a empatia.
A ínsula é a parte do cérebro que controla sensações corporais, experimentando emoções no nível intestinal. A ínsula faz parte do sistema que modula o nível de resposta ao que seu corpo está sentindo.
A amígdala é o nosso sistema de alarme orgânico. Também conhecida como o centro do medo, está ligada à resposta de luta ou fuga em situações que são consideradas perigosas.
Como funciona um cérebro que não medita
Um cérebro que não medita geralmente tem fortes conexões neurais entre o centro do "eu" e os centros corporais de sensação de medo. Um cérebro que não medita pode sentir-se "preso no eu" porque tem uma grande dependência desse centro. Neste caso, é o centro do"eu" que está processando a maioria das informações recebidas.
Essa dependência do centro do "eu" explica por que nos envolvemos em loops de pensamentos negativos. Isso acontece porque a conexão entre o centro do "eu" e o Centro de Avaliação é fraca.
Quando aumentamos a capacidade de trabalho do Centro de Avaliação, diminuímos a atividade excessiva na parte do Centro do "eu" que leva as coisas para o lado pessoal. Também melhora a atividade da parte envolvida na compreensão dos sentimentos dos outros.
Esta é a maneira de assimilar toda a informação recebida, descartando os dados errados, reduzindo o excesso de pensamentos e de preocupação.
O cérebro em meditação
Várias coisas acontecem em um cérebro que medita regularmente. A conexão entre o centro do "eu" e os centros corporais do medo começa a se romper. Isso diminui a força da resposta ao medo e, em parte, explica por que a ansiedade diminui quando se medita regularmente.
Pelo contrário, uma conexão neuronal mais forte é criada entre o Centro de Avaliação e os centros de sensação corporal do medo. Isso significa que, quando uma sensação corporal de medo de algo potencialmente perigoso atinge o cérebro, ele pode avaliá-lo mais racionalmente, em vez de reagir automaticamente ao medo.
Além disso, diminui a probabilidade de ficarmos presos em uma produção contínua de hipóteses sobre o que "poderia ser ou significar" o que está acontecendo conosco.
Empatia, a vantagem adicional
Em um cérebro que medita regularmente, há um aumento significativo nas conexões entre o Centro do "eu" e o centro das sensações corporais relacionadas à empatia. Nós ativamos a parte do cérebro envolvida na experiência real de empatia: a ínsula.
Desta forma, nos tornamos mais capazes de inferir os estados mentais de outras pessoas, seus desejos, sonhos e motivações.
Corpo, mente e meditação
A diminuição das emoções negativas parece influenciar diretamente o sistema imunológico. Além disso, a prática regular de meditação consegue diminuir a frequência cardíaca e dilata os vasos sanguíneos.
Há estudos que ligam a meditação transcendental à redução da pressão arterial. O sistema endócrino também se beneficia. Quando você medita, secreta endorfinas, os chamados hormônios da felicidade. Assim, consegue manter os níveis do hormônio do estresse em patamares adequados.
Para aqueles que iniciam sua aventura no mundo da meditação, nosso conselho é fazê-lo com base na ajuda de profissionais e ser constante. Podemos aproveitar nossa neuroplasticidade por meio do hábito e da prática diária, tirando proveito da incrível ligação entre corpo, mente e meditação.
Fonte de texto: amenteemaravilhosa