Um consórcio internacional de pesquisadores verificou imagens de ressonância magnética do cérebro de 28.321 pessoas em várias parte do mundo com a intenção de identificar padrões de alterações presentes em portadores de seis tipos diferentes de transtornos mentais. O estudo investigou dados de 12.721 pessoas com histórico de transtornos mentais e 15.600 sem histórico, com faixa etária entre 2 e 89 anos.


Nesta pesquisa foram incluídos participante com histórico de:


Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH);

Transtorno do espectro do autismo (ASD);

Transtorno bipolar (TB);


Depressão;


Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);

Esquizofrenia.


A pesquisa concluiu que processos neurobiológicos compartilhados foram associados a diferenças na espessura cortical em seis transtornos psiquiátricos. Essa alteração na espessura surge durante o desenvolvimento pré-natal e no funcionamento pós-natal do córtex cerebral em portadores desses distúrbios.


A área do córtex no cérebro é responsável pelo processamento neural mais sofisticado e distinto, integrando informações sensoriais e atividades mentais mais sofisticadas. A pesquisa revelou também que a localização dessas alterações coincide com a distribuição de células essenciais para o funcionamento do cérebro.

Histologia virtual


Os pesquisadores usaram o método denominado "histologia virtual" para a realização do estudo, que consiste na análise de imagens de ressonância magnética de indivíduos para identificar a síntese da diferença no funcionamento cerebral de pacientes com e sem transtornos mentais.


A histologia real, área biomédica que estuda tecidos biológicos, é realizada em material anatomopatológico, ou seja, avaliação de tecidos e células por observação ao microscópio a partir da doação de órgãos de pacientes mortos.


De acordo com o co-autor do estudo Geraldo Busatto Filho, professor do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o consórcio chamado de Enigma buscou por colaboradores em todo o mundo justamente para ter uma amostra de milhares de pessoas distintas.

Além disso, a pesquisa, descrita em artigo da revista JAMA Psychiatry, foi coordenado pelo professor Paul Thompson, da Universidade do Sul da Califórnia nos Estados Unidos.


"Por meio da histologia virtual identificamos como os tecidos cerebrais se organizam em diversos locais do cérebro, quais os tipos predominantes e como se ajustam em camadas. Foram analisados também perfis de ressonância magnética com características que não tem relação com doenças mentais, já que o funcionamento cerebral varia de acordo com a personalidade de cada indivíduo", afirma Busatto Filho.


Muitas amostras em pouco tempo


O co-autor do estudo conta que apesar de ter coleções de cérebros no mundo, a quantidade não é suficiente para desenvolver um estudo nessa dimensão e levaria anos para recortar e identificar cada parte dos cérebros disponíveis.


"Se tivéssemos 50 cérebros à disposição de forma física - 25 com transtornos mentais e 25 sem - teríamos que abrir um a um, realizar cortes, analisar e identificar semelhanças e diferenças entre os dois grupos, seria um processo bem mais demorado", declara Busatto.

A análise dos dados foi feita entre junho e dezembro de 2019.


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Fonte: G1

Imagem: 123RF