Os objetivos do psicólogo no hospital, bem como na UTI, é trabalhar com o paciente, com a família e com a própria equipe de saúde. Segundo Angerami-Camon (1994), o sofrimento físico e emocional do paciente precisa ser entendido como coisa única, pois os dois aspectos que o constituem interferem um sobre o outro, criando um círculo vicioso onde a dor aumenta a tensão e o medo que, por sua
vez, exacerbam a atenção do paciente à própria dor que, aumentada, gera mais tensão e medo. "Essa compreensão ajuda o psicólogo a quebrar esse círculo vicioso de forma a tentar resgatar, junto com o paciente, um caminho de saída para o sofrimento onde, de um lado, as manobras médicas, medicamentos, exames, introdução de aparelhos intra e extracorpóreos vão se somar às do psicólogo, que favorece a manifestação dos medos e fantasias do paciente, estimula sua participação no tratamento, ouve e pondera sobre questões que o afligem"

A família também é um fator importante no processo da internação. A família está fora da UTI esperando por notícias do paciente. Angustiada e sofrida, sente-se impotente, e ao mesmo tempo, desorientada pela doença. A família, portanto, também precisa do psicólogo porque é a fonte de motivação do paciente para lutar contra a doença. A pessoa que está internada não tem como foco principal a atenção primária, porque a preocupação da equipe de saúde nesse momento é garantir a vida. Mas o trabalho do psicólogo, na UTI, é importante porque este faz um preparo para que as limitações advindas da doença não tragam à pessoa sentimentos de inutilidade para si e para o mundo.

O atendimento multidisciplinar, na UTI, é de primordial importância, uma vez que os profissionais estão envolvidos no atendimento a esse paciente, que se encontra no momento mais frágil de sua vida. Angerami-Camon (1994) acrescenta que, tanto o paciente quanto o cirurgião, devem ser providos de um representante pessoal, o psicólogo, cujas funções seriam, de um lado, representar o paciente que, com seu estado mental e físico afetado, não tem condições para representar a si mesmo, e, por outro lado, o cirurgião, que nem sempre consegue ser tão útil quanto gostaria no lidar com os medos e fantasias do paciente em relação ao que vai acontecer. O representante seria alguém que nada faria ao paciente, como cortar ou suturar, caso contrário, também, ele se veria obrigado a esconder ou reprimir seus sentimentos e angústias.

É o que se entende como "privilégio" do psicólogo no hospital, na medida em que ele não representa ameaça. O autor acredita que essa ponte tem grande importância porque possibilita desenvolver dois sentimentos imprescindíveis para o bom prognóstico emocional da relação do indivíduo com a cirurgia e o processo de internação e recuperação que são a confiança e a autorização.

Fonte: Faculdade Objetivo