Kohlemberg e Tsai (2004), em seu primeiro capítulo, apresenta a Psicoterapia Analítica Funcional (FAP), que possui o referencial conceitual claro e preciso, bem como utiliza como base a análise funcional do comportamento, fundamentada na obra de Skinner. A FAP se diferencia de outras terapias comportamentais no sentido de que ela está centrada nas expectativas dos clientes, bem como prima por um vínculo terapêutico profundo e íntimo. O autor ressalta a importância em esclarecer alguns preconceitos que se tem à respeito da psicologia comportamental, especificamente o behaviorismo radical, que com recorrência é confundido com o metodológico.

Para fazer esses esclarecimentos, o autor fala dos "Princípios Filosóficos do Behaviorismo Radical". Em Análise do Comportamento o termo "radical" é utilizado porque a palavra vem de "raiz", portanto, busca-se entender a raiz das coisas, a profundidade dos comportamentos.

Kohlemberg e Tsai (2004) discorre sobre a busca da verdade absoluta na ciência, meta que tem se mostrado inalcançável, o comportamento do cientista possui variáveis semelhantes aos demais. Ele faz um paralelo entre duas linhas filosóficas para a ciência. Uma delas é a que segue o raciocínio de John Locke, que coloca que a mente humana em branco, como uma "tabula rasa", pronta para ser estampadas suas experiências de vida, esse modelo filosófico influencia alguns tipos de psicoterapia, neste caso a psicanálise. A segunda linha filosófica é a construtivista de Kant, que influencia a psicoterapia comportamental, valoriza o contexto do indivíduo, bem como se preocupa com sua história de vida influenciando seu estado atual, com foco no que está acontecendo naquele momento da vida do cliente. Desta forma, a memória não é uma representação objetiva do real, mas uma criação do organismo mediante suas experiências. O autor ressalta o relativismo que advém de cada observador.

O comportamentalismo tenta se afastar de visões mentalistas, nas quais buscam uma entidade presente no cérebro para explicar as ações. Ao contrário disso, busca entender os fenômenos comportamentais, sejam internos ou externos, de acordo com seus antecedentes, utilizando-se de verbos para nomear os eventos, tais como, pensar, lembrar. Os comportamentos estão relacionados funcionalmente às variáveis de controle.

Outro ponto ressaltado é a relação que o comportamento tem com o ambiente e sua história de vida. Daí a importância de se compreender o significado e as causas dos relatos verbais. A observação do terapeuta é relativa no sentido de que ele o faz sob a ótica de sua história, desta forma, cada intervenção variará de terapeuta para terapeuta.

Os suportes teóricos da FAP são os esquemas de reforçamento (aumento e diminuição da força de comportamentos), comportamentos clinicamente relevantes (CRBs) e generalização. Na FAP a modelagem e fortalecimento de comportamentos adaptativos são centrais e se relaciona ao reforçamento. É importante ressaltar que, no que se diz respeito ao reforço, para que as respostas sejam aumentadas, o ideal é que ele não seja arbitrário, e sim natural, sem que o próprio sujeito perceba, sem "forçar", não é viável transpor exatamente os reforços de laboratório para a clínica.

Quanto mais rápida a consequência do comportamento, maior o efeito da resposta. Assim como, há o lugar certo para determinado tipo de reforço. Por exemplo, alguns comportamentos só podem ser reforçados dentro do consultório, por isso a ênfase na relação terapêutica. O reforço natural considera o comportamento já existente. Não há previsibilidade de benefício para o cliente no reforço arbitrário, só há benéfico para quem faz o reforçamento. Reforços naturais são mais estáveis e fixos no ambiente do que os arbitrários, que podem se tornar prejudiciais por não despertarem o motivar.

Por último, outro conceito central da FAPCRBs (comportamentos clinicamente relevantes) são denominações tanto para comportamentos problema, quanto para os desejados. A Observação é essencial para definir os CRBs, e o ideal é que eles apareçam na presença do terapeuta, por isso exige-se um treinamento acurado, para que este último consiga identificar e classificar os CRBS. Ambientes diferentes que evocam os mesmos tipos de comportamentos são funcionalmente semelhantes, passíveis de generalização.

Fonte: KOHLENBERG, R.J.; TSAI, M. - Psicoterapia analítica funcional: criando relações terapêuticas intensas e curativas. ESEtec, Santo André, 2004.