Por Katree Zuanazzi

Aproveitando o gosto da humanidade pelas falácias, comparações, mexericos a mídia vem sorrateiramente adentrando lares das mais diversas classes sociais e a partir disso lançando uma ditadura de normas de condutas coletivas. Composta pelas mais variadas ferramentas para transmissão de informações, tem o poder de determinar quem devemos ser, como agir, o que comer, o que vestir, o que tem valor, o que é bom, o que é importante, influindo sobre os padrões de prestar e não prestar nos mais variados âmbitos do viver humano.

Todo mundo quer possuir a melhor roupa, o melhor carro, o melhor trabalho, o melhor companheiro, morar nos melhores lugares, fazer as melhores viagens, o melhor tudo. Os considerados "melhores" só assim o são descritos devido à existência da mídia, o que foge deste padrão forjado ideal é estabelecido como defeito. Repelindo a individualidade de cada sujeito a mídia vem traçar um suposto bem coletivo, assim o querer humano é controlável e manipulável parecendo uma produção em série.

No começo a mídia era apenas um veiculo de divulgação, hoje é um mercado de informações. No documentário intitulado "1,99", simples, porém com um conteúdo inegável, demonstra a ensimesmação do ser, a coisificação da necessidade humana. No referido as pessoas em um espaço de compra encontram-se perdidas diante das vastas opções de escolha, mas não buscam o que precisam, buscam, na verdade, o que mais as atraem, fascinam, causam desejos, ou seja, buscam sensações alheias a elas mesmas. A falsa ideia de poder "comprar" do exterior aquilo que não possuem internamente mantém esse comportamento.

Mensagens coletivas são impostas utilizando-se de desejos individuais como método de sedução. O belo, o feliz, o perfeito é exposto de maneira a provocar o interesse do telespectador que acata (talvez inconscientemente) estas mensagens e categoriza-as como desejáveis. Uma roupa nova vai mudar o sentimento que tenho a respeito de mim mesmo? Provavelmente não, mas vai momentaneamente causar um sentimento de bem estar que reforçará o comportamento de buscar fora o que não possuímos dentro de nós mesmos.

Se existe uma maneira mais eficiente para controlar, nivelar, alienar, padronizar, manipular, moldar o comportamento humano em relação ao social melhor do que a mídia, certamente, o desconheço. As pessoas gostam de verem e serem vistas, compararem, julgarem, se exibirem e agora que há um espaço específico para isso, o natural e obvio é desfrutá-lo sem perceber que irrefletidamente compõe uma fábrica de alienados.

As pessoas cortam o cabelo igual, usam as estampas nas roupas iguais e os modelos também, preferem as mesmas marcas, enaltecem algumas qualidades, repelem outras, resumindo, a subjetividade está em extinção, sufocada em meio a preocupação de estar enquadrada na "forminha" social delineada pelos veículos de comunicação.

Fonte: psicologia-ro.blogspot.com.br/2013/12/midia-e-subjetividade-calada.html" target="_blank">Psicoque?