Com as novas tecnologias e a presença dos telefones celulares em quase todos os níveis da rotina de um indivíduo, já são muitos os que desenvolvem uma relação pouco saudável com o objeto, caindo em níveis de dependência patológicos. O nome criado para definir o comportamento daqueles que se angustiam diante da impossibilidade ou incapacidade de comunicar-se pelo celular ou computador é nomofobia, derivado da expressão do inglês "no mobile phone phobia".

Somente no Brasil, há quase 273 milhões de celulares ativos, superando em pelo menos 35% o total de habitantes do país. Os dados são da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Considerando esses números, o comportamento da juventude e as preferências de parte dos adultos, chega-se a um cenário propício para o desenvolvimento e difusão desse tipo de vício.

A nomofobia é um medo irracional de ficar sem o celular, de que se acabe o crédito ou que não haja cobertura. Medo de ficar sem bateria e, inclusive, de sair de casa sem o aparelho. O que marca o comportamento daqueles que sofrem com esse problema é justamente a necessidade de ter o aparelho sempre perto, ao alcance da mão. Muitas vezes, a proximidade vale mais que realmente estar manipulando o aparato o tempo todo. Seria um elemento transmissor de segurança.

Pesquisa recente feita pela empresa inglesa SercurEnvoy, que presta serviços móveis, apontou que quase 70% dos entrevistados afirmam sofrer de nomofobia. As mulheres estariam mais sujeitas a desenvolver esse tipo de dependência, apesar de quase 50% dos homens entrevistados afirmarem possuir dois ou mais aparelhos de celular.

Ainda conforme o estudo, que entrevistou mil usuários, jovens entre 18 e 24 anos seriam os líderes no ranking da nomofobia. Oito de cada dez entrevistados estariam entre as vítimas desse tipo de problema.

No Brasil, os números são igualmente preocupantes. O Laboratório de Pânico e Respiração do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) investigou o tema em uma das linhas do doutorado e constatou que 34% dos entrevistados sentem profunda ansiedade ao não ter o telefone por perto. Mais de 50% do universo pesquisado afirmou ter pavor de passar mal na rua e estar sem o aparelho.

Quando se pensa no impacto psicológico desse tipo de comportamento, seja na juventude ou vida adulta, é preciso considerar o enfrentamento de um quadro complexo, já que a nomofobia quase nunca aparece sozinha. O indivíduo normalmente já vem de uma situação de ansiedade, stress ou transtornos de humor/personalidade.

Há especialistas que atrelam o aparecimento da nomofobia justamente ao caráter das novas gerações, cada vez mais imediatista e ansiosa. Os impactos na vida social desse tipo de comportamento estariam justamente no agravamento da relação "mais interação com tecnologias em detrimento das relações humanas".

Fonte: Mundo Psicólogos