Esse tipo de iniciativa é um estímulo para as crianças, que apreciam a confiança depositada nelas, ainda que demandem o acompanhamento dos pais. Delegar à criança algumas tarefas contribui para o desenvolvimento do seu senso de responsabilidade, sua maturidade, seu cuidado com as coisas e sua compreensão do funcionamento básico de uma casa. Afinal, o que ela aprende deixando a roupa suja no cesto e depois só a vendo, como que por mágica, limpa e passada dentro do armário?

Incorporar as crianças no dia a dia da casa – solicitando tarefas adequadas à idade, é claro – significa reconhecê-las como seres capazes, significa confiar nas suas competências de aprender com tais desafios. À medida que a criança conquista graus de autonomia – consegue ir ao banheiro, comer e tomar banho sozinha, por exemplo -, ela pode assumir responsabilidades proporcionais.

Crianças protegidas demais podem demorar a descobrir que a noção de liberdade é acompanhada da responsabilidade. O aumento da independência dissociado de novas obrigações tem uma carga "lúdica" usualmente atribuída à infância: a ideia de que a vida da criança é boa porque ela só se diverte, e não precisa fazer nada. Embora o tempo livre seja algo fundamental nessa fase de vida (já chamamos atenção para essa necessidade aqui, aqui e aqui), isso não significa que a infância deva ser blindada de qualquer obrigação de caráter coletivo.

Ajudar na casa é uma exigência diferente de outras atividades da criança, como o cursinho de línguas ou a aula de natação, pois se trata de uma colaboração: todos os que ali moram contribuem para um melhor convívio e para a organização doméstica. O "aprender a fazer a sua parte" deve ser visto como um passo importante do desenvolvimento infantil e pode ser construído, por cada família, a partir de suas demandas e com a ajuda da planilha acima.

Fonte: Toda criança pode aprender