Não é incomum, nas reuniões ou festas de escolas, comentários como estes, dos pais sobre os filhos – e muitas vezes na frente deles: "Meu filho puxou o pai. É teimoso à beça". "Ela é como a irmã. Não presta atenção em nada", e assim por diante. Essas frases, aparentemente inofensivas, podem causar impacto negativo na criança, segundo especialistas entrevistadas pelo site Educar para Crescer.

Para eles, a construção da identidade sofre uma forte influência daquilo que a criança ouve sobre ela das pessoas em quem confia. Ao rotulá-la, olhamos para a criança sob um determinado prisma e tiramos dela a possibilidade de ser diferente.
A reportagem cita um exemplo clássico: "Qual o pai que nunca se surpreendeu ao buscar o seu filho na casa de um colega, em outro ambiente e com outra família, e perceber ou ouvir que ele teve um comportamento totalmente oposto ao que costuma mostrar em casa? Talvez isso ocorra justamente porque, nesse outro lugar, com pessoas que ainda não fizeram um julgamento a seu respeito, ele tenha a possibilidade de experimentar outro comportamento".

Outro aspecto é a angústia que alguns sentem por ainda não saberem quem são. Para sair desse estado de incerteza, muitos aceitam os rótulos que lhes são dados porque a sensação do desconhecimento sobre si mesmo é muito pior do que viver determinado estereótipo, mesmo que não seja bom. "Às vezes é mais fácil ser algo, mesmo que não muito agradável, do que não saber quem se é", reforça a matéria. O que se dá é a assimilação desse rótulo (daquilo que ouvem sobre si mesmas), de modos de agir que nem sempre fazem bem às crianças. "A criança quer agradar. Se sua mãe, sua família esperam determinado comportamento, ela tende a corresponder à expectativa". Ou seja, se a menina é tida como boazinha ou comportada, ela não se permite expressar raiva e, quando esta vem, bate a sensação de culpa. Tudo isso afeta a autoimagem e a autoestima dos pequenos.

Fonte: Desenvolvimento Infatil