De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de crianças com menos de cinco anos que estão obesas ou com sobrepeso já passa de 40 milhões. Além da predisposição genética, o excesso de peso é um dos principais fatores de risco para a doença. Se isso não foi o suficiente, vai aqui outro número: aproximadamente 350 milhões de pessoas no mundo têm a doença, e esse índice tende a dobrar em 20 anos.

Dois tipos diferentes

"O diabetes é uma doença crônica, causada pela ausência ou ineficiência da insulina: o hormônio responsável pelo controle da glicose (açúcar) no sangue", explica Myrna Campagnoli, endocrinologista do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica (SP). A especialista observa que há dois tipos de diabetes: no primeiro, o do tipo 1, o indivíduo apresenta grande quantidade de glicose no sangue porque o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina, e representa de 5 a 10% dos casos.

Já no tipo 2, o paciente produz o hormônio, mas seu organismo é insensível a ele. Em ambos os casos, o que ocorre é que a quantidade de insulina disponível não é suficiente. As crianças são atingidas principalmente pelo tipo 1. "Ele surge 80% das vezes antes dos 30 anos de idade", acrescenta Airton Golbert, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

O que muda na rotina

Feito o diagnóstico, é preciso ter consciência de que a vida da família e da criança sofrerá algumas mudanças significativas. Isso porque "O paciente necessitará de um tratamento com insulina intensivo para controlar as variações da glicose que ocorrem com a alimentação, diante do estresse emocional e durante a prática de atividade física", afirma o médico Airton Golbert.

O monitoramento de glicose deverá ser constante e incluirá, ainda, o teste feito a partir de uma gota de sangue para dosar a quantidade de insulina. "Isso deve ser feito antes de todas as refeições e em outros momentos pré-determinados pelo médico responsável pelo caso. Manter a criança ativa também é indicado, fala a endocrinologista Myrna.

Veja a seguir os sinais mais comuns para os dois tipos. Quando identificá-los, procure um médico para uma consulta.

1 - Sede mais intensa

O diabético urina muito em virtude da alta concentração de açúcar no sangue que o organismo tenta eliminar. "Desse modo a criança se desidrata e a sede é ativada", explica a endocrinologista Myrna. Mas saiba que se a sede passa com a ingestão de líquidos, não se trata de diabetes.

2 - Tem fome, mas em vez de engordar, emagrece

"Isso é causado pela perda de glicose que não chega a entrar na célula pela falta de insulina", diz Golbert. Como não recebe o nutriente, que é a principal fonte de energia para o seu metabolismo, o organismo entende que ele não existe (ou seja, que o organismo está em jejum) e deflagra o mecanismo de fome para estimular o consumo de calorias e a nutrição celular. "Isso acaba não ocorrendo novamente, pois não há insulina para permitir que a energia chegue ao seu lugar. Cria-se um círculo vicioso em que há estímulo constante de fome", esclarece Myrna. Ela conta que, dessa forma, as células buscam outras fontes de energia, como proteínas e gorduras, causando o emagrecimento.

3 - Mal-estar, sonolência e tontura

A falta de nutrientes e a desidratação acometem todas as células do organismo, inclusive as células do sistema nervoso central (SNC). A médica explica que as células, sob esta situação adversa, respondem estimulando a produção de neurotransmissores, hormônios e outras substâncias que interferem no nível de alerta, intercalando períodos de sonolência com irritabilidade, intensificam os estímulos de fome e de sede agravando os demais sintomas, alteram a frequência cardíaca e a pressão arterial. "Isso promove sensações de desconforto e tontura. A demora no diagnóstico promove uma pane nos sistemas de controle de organismo que ficam incessante e inutilmente tentando organizar e estabilizar o metabolismo."

4 - Muitas idas ao banheiro

Assim como o aumento da sede, a elevação do volume e frequência urinária deve-se ao excesso de açúcar no sangue. Para tentar eliminar esta abundância, o organismo aumenta a sua excreção por meio da urina. E isso permanece mesmo se a ingestão de líquido for pequena.

5 - Cãimbras e formigamentos

A ausência do hormônio responsável pelos níveis de glicose, também interfere na presença de outros íons como potássio, cálcio e magnésio no sangue, contribuindo para o aparecimento das cãibras. "A principal causa também é a redução da glicose nas células musculares, o que promove modificações no metabolismo. A desidratação também é prejudicial", diz Myrna.

6 - Visão embaçada

Segundo o endocrinologista Golbert, as alterações na glicose levam a modificações no eixo do cristalino (parte transparente e flexível, localizada atrás da pupila). "Pode ocorrer mais tarde com o evoluir da doença, catarata e retinopatia com diminuição da acuidade visual." A médica Myrna acrescenta que isso pode acontecer durante o tratamento, nos momentos de excesso de açúcar e nas crises de hipoglicemia. Este é um sintoma que não consegue ser corrigido com o uso de óculos.

Fonte: UOL