Por muitas vezes, em nosso cotidiano, aproximamos o conceito de infância e criança como se eles fossem sinônimos. Entretanto, estes termos se referem a diferentes fenômenos e este texto tem como objetivo delimitá-los.

Criança diz respeito ao indivíduo, ao ser nos momentos iniciais da vida, o filhote do homem. Em aspectos gerais, pode-se dizer que não há grandes diferenças entre uma criança e outra, no que se refere às suas bases biológicas e estrutura corporal. Todavia, quando estamos nos referindo à infância existem drásticas mudanças de um contexto para o outro, de uma cultura para outra. Na verdade em muitos lugares a infância nem sequer existe como a concebemos...

Assim, não existe uma história universal da infância. A infância é uma categoria histórica, criada na modernidade. Isto corrobora o fato de que as idades da vida são vistas, pensadas e experienciadas de diferentes formas em diferentes épocas.

Para exemplificar tal afirmação vamos retomar a Idade Média para saber como a criança era compreendida. Nesta época não havia diferença entre as vestimentas das crianças e dos adultos. A criança era, portanto, apenas um adulto em miniatura. Os altos índices de mortalidade infantil demonstravam a pouca preocupação e a ausência do sentimento de "paparicação".

Dentre outros aspectos, observa-se o contraste no modo de se pensar a criança a partir da invenção da infância. Com o surgimento da concepção moderna de infância, a criança passa a ser compreendida com um ser frágil que necessita de cuidados e educação. Ainda assim, muitas vezes enquanto o "ser do futuro" a criança é deixada de lado, o que mostra que a sociedade moderna não tem uma maneira única de tratar a criança, mas sim modos ambivalentes. Quando ligamos a criança à sua realidade social descobrimos que existem diferentes infâncias. A infância da criança de classe média e da criança pobre serão contraditoriamente diferentes. Isto nos lança no desafio de não naturalizarmos e idealizarmos a infância como uma fase de inocência, alegria e pureza, mas sim de lutarmos para a construção de uma infância digna para nossas crianças!

Recomenda-se o filme: Invenção da infância:"ser criança não significa ter infância"

Autora: psicologia.com.br/colunista/15/" target="_blank">Stéfany Bruna