Parece que a inquietude da mente acaba por transformar o indivíduo em um eterno insatisfeito, e como consequência disso, alguém sempre frustrado em tudo que realiza ou tenta realizar. É aquele indivíduo que tende a se enfastiar rapidamente depois de ter alcançado um objetivo qualquer, e o desânimo seguido pelo tédio torna-se um desdobramento natural em sua vida.

Uma criança inquieta, a despeito de suas idiossincrasias, quase sempre teve como espelho pais inquietos, ou foi criada em meio à inquietude. E mesmo que possua um temperamento calmo, a pressão sistemática da mesologia onde vive tenderá a corromper esse perfil.

Não podemos negar que a pressa dos tempos modernos acabe por contagiar à quase todos com uma espécie de ansiedade de origem difusa e sem motivo aparente. É como se a pressa fosse o estado natural do homem, ao invés de uma exceção.

E confunde-se pressa e ansiedade com determinação e motivação. A ansiedade, embora necessária em alguns casos, na maioria das ocorrências é sempre de cunho negativo. Ocorre que ela, ao liberar uma grande quantidade de adrenalina na circulação do indivíduo, desajusta seu metabolismo, afetando de forma dramática sua serenidade, quesito fundamental quando se pretende pensar com equilíbrio.

Motivação é um estado de permanente euforia sem liberação de adrenalina. Nessa condição, outros hormônios mais benéficos à saúde física e mental são então liberados. E a sensação é de permanente vigilância e interesse em concluir todas as tarefas com as quais estamos comprometidos. Não há então nem cansaço, nem o sentimento da obrigação provocado por medo de retaliações.

Fisiologicamente a pressa cria um estado de euforia no indivíduo que se prolonga mesmo após o término daquela atividade. Na contramão, a motivação libera um estado de serenidade e autoconfiança com uma sensação de bem estar, antes e depois.

E uma mente tomada pela preocupação está sempre desatenta. Por isso mesmo mais vulnerável aos erros ou falhas graves, o que acaba por se reverter em males diretos e indiretos para o indivíduo. Diante de uma preocupação de nível médio, nosso ego tende a ignorar seu semelhante, e assim nos tornamos insensíveis a dor alheia.

O instinto assume nosso controle emocional quando nos sentimos encurralados diante de algum perigo, ou na iminência de algo que possa nos ameaçar. O instinto não tem senso ético, nem está sujeito a sentimentalismos, especialmente aqueles que evocam a razão humana. Quando movidos pela emoção instintiva nos tornamos brutos e cruéis, e o animal irracional que hiberna em todos nós assume o controle de nossa razão; ali não há moral, nem bom senso.

Uma mente inquieta compromete de modo importante nosso potencial cognitivo, desvia nossa atenção, impede a assimilação clara do conhecimento. Por reflexo, tornar-se-á esse indivíduo um adepto da preguiça e acomodação, um partidário da vida fácil, onde o esforço nunca é visto com bons olhos.

Um adulto inquieto nunca está totalmente presente em seus afazeres. Será para sempre alguém ausente, disperso, fragmentado, dividido entre aquilo que faz e o que gostaria de fazer.

Não conseguirá se realizar plenamente em nenhum empreendimento que venha a idealizar. Será agressivo e frustrado por natureza, e é quase certo que não respeite o espaço do seu próximo. Será dominador e imaginará que os outros deverão se submeter aos seus caprichos. Tornar-se-á intolerante e inflexível em seus argumentos. Certamente, nos interrelacionamentos, buscará uma perfeição que não existe, e será uma fonte permanente de conflitos existenciais sérios.

Assim, o educador atento às consequências da inquietude juvenil ou infantil, deverá ter em mãos alguns recursos que poderão levar esses jovens, desde cedo, a lidar da forma adequada com esse estado mórbido.

Para que a criança descubra um pouco mais sobre si mesma, aprendendo com avaliar seu estado emocional, sentindo seu espírito a cada momento, apreciando sua verdadeira natureza ou a examinando se seus sentimentos estão em comunhão com aquilo que está fazendo, será preciso que tome conhecimento de algumas técnicas.

E para que aprenda a superar isso de forma racional, sem fugas, ou ainda represando raivas ou mágoas, será imprescindível a ajuda do orientador. Ele irá ajudá-la a entender o que ela representa como entidade humana, se é capaz de descobrir qual sua função na vida, que valores são importantes e necessários para si, itens imprescindíveis para uma existência pacífica e plena.

Fonte: Uol