Quantas horas o celular (whatsapp, redes sociais, instagram, snapchat,etc) tem roubado do nosso tempo por dia? Será que parte desse tempo, não é aquele de que tanto reclamamos do "não tenho tempo de ficar com meu filho"? Será que precisamos mesmo estar tão conectados?

Não tem como negar, que estamos mesmo é viciados em estar "online". Por mais que prometemos não pegar no celular, em um minuto lá estamos nós de novo, somente checando se tem alguma novidade. Mil coisas para fazer, trabalho atrasado, pessoas para conversar, livros para ler, crianças para cuidar, mas o olho está lá: grudado na tela. Tenho ouvido muita queixa, inclusive das crianças, que todos nós, estamos conectados demais, o tempo todo e em qualquer lugar. Isso pode parecer a melhor coisa do mundo, pois temos a sensação de não perder nada, de estar aqui e ali ao mesmo tempo. Porém, para muitos isso já saiu do controle e mesmo sabendo dos prejuízos que isso causa em nossas relações, a dependência já tomou conta do nosso comportamento impulsivo. E a conexão com nossos filhos, como fica?

Passa a ser recorrente, queixas de crianças, como essa filha de uma amiga, de 7 anos, que dizia que o "Instagram", na verdade deveria se chamar "estragamãe" . Ou crianças que pedem a mãe: "Deixa esse celular. Olha aqui!! Brinca comigo!!" , "Para te falar hahan mãe, você não escutou nada do que eu acabei de dizer, só estava no zapzap". Ou ainda "O que minha mãe mais gosta de fazer é ficar no celular, vendo snapchat, instagram e whatsapp. Não posso nem chamar ela nessa hora, que levo uma bronca. Ela não gosta que a gente atrapalha".

Atualmente esse é um tema que preocupa a uma grande parte das famílias e como qualquer vício, precisa-se reconhecer que se trata de uma dependência para que ocorra qualquer mudança. Entre algumas leituras que busquei sobre o tema, encontrei um artigo, intitulado "Querida mamãe com iPhone: você está fazendo tudo certo" (Jennifer, Hicks em Huffington Post). Todo o texto trazia argumentos em defesa de mães para aliviar essa culpa. Dizia: "Não vou julgar você. Não a conheço. Não conheço sua história. Mas sei que, para ser boa mãe, não é necessário você supervisionar cada salto, cada brincadeira, cada pirueta, cada balanço, cada coisinha comida, cada canção, cada dança, cada piscada ou respiração de seu filho. (...) Há muitas coisas que acontecem em nossa vida fora da criação dos filhos que não podemos descuidar." E termina dizendo: "Faça o que você tem que fazer, o que às vezes implicará em tirar algum tempo para você mesma, nem que seja apenas para olhar o Facebook enquanto seu filho corre e brinca no parque".

Apesar de precisarmos de nossos hobbies, nosso espaço e tempo para respirar sem as crianças, não fui convencida pelo texto de que esse tema não precisa ser colocado em questão. Afinal, não sabemos mais controlar essa vontade desenfreada. E que referência temos sido para nossos filhos? Com que autoridade vou lhes dizer para deixarem o celular de lado para conversarmos senão consigo fazer isso?

Por fim encontrei textos de pessoas que reconheceram seu vício e compartilharam suas angústias e estratégias para se livrar dele. Como esse depoimento que dizia "Assim, estou me propondo a me livrar do vício do celular, pelo menos durante o tempo que passe com minha família. Deixá-lo em cima do armário quando eu entrar em casa e não atendê-lo a não ser que seja uma ligação telefônica ou para verificar se há alguma mensagem de Whatsapp ou outra de certa urgência quando eu estiver de passagem, e nunca enquanto estiver com as crianças. Não tirar o celular da bolsa no parque. E, é claro, não olhar o celular durante as refeições. Pus isso em prática neste verão e comprovei que não foi tão terrível assim. Fui capaz de deixar o celular em casa para ir à praia (o medo de que me roubassem o aparelho ou que meus gigas terminassem contribuiu bastante). E nos últimos três dias fui levar as crianças aos balanços do parquinho sem levar o smartphone. Não fiquei com tremedeira nem nada!" Achei no mínimo curioso também, como essa pessoa tem tentado lidar com o seu vício: "Antes na quaresma ficava sem comer carne, mas agora fico 40 dias sem whatsapp, descobri que esse seria o maior sacrifício que eu podia fazer."

Encontrei dados quantitativos que apontassem quanto estamos conectados e as implicações disso na educação de nossos filhos e me deparei com um recente estudo global realizado pela AVG, empresa de segurança online, que mostra que 42% dos filhos entrevistados se sentem trocados pelos pais por esses aparelhos. Um estudo da Digital Diaries que entrevistou pais e seus filhos com idades entre 8 e 13 anos, em diferentes países, apontam que mais da metade (54%) das crianças acha que os seus pais checam demais os smartphones e que o maior problema em relação a isso é que eles se distraem durante conversas com os filhos, fazendo com que 32% deles se sintam desprezados. Quando os pais foram questionados sobre a frequência de uso dos dispositivos móveis, 52% admitiram o exagero e que se preocupam com o que isso pode causar na próxima geração.

E o pior de tudo foi encontrar nos estudos que os brasileiros são os que mais utilizam smartphones e tablets em excesso, pois 87% dos filhos relatam o descontentamento com a distração. Cerca de 56% das crianças disseram que, se pudessem, confiscariam todos os dispositivos dos pais.
Diante desses dados, e da triste convicção de que estamos mesmo viciados, cabe a cada um de nós, reconhecer o quanto do nosso tempo tem sido roubado por essa dependência e então, buscarmos estratégias para saber o momento de estar "on e off line".

Fonte: Criança em Questão