Geralmente por volta dos 3 anos de idade, meninos e meninas começam a exibir uma série de comportamentos sexuais que vão desde a curiosidade pela origem dos bebês, pelo sexo – pessoal e oposto – até a masturbação. Este momento se torna delicado, principalmente para os pais, devido ao fato de que para grande parte das pessoas, a vida sexual humana significa apenas a relação sexual e o interesse sexual é despertado somente no início da adolescência. Assim, como pode uma criança tão pequenina com estes comportamentos?

Para compreender estes comportamentos da infância é necessário, primeiramente, romper com esta visão restrita de sexualidade e ampliar este conceito. Para Freud, a sexualidade diz da busca pela obtenção do prazer e de ligações afetivas que ocorrem desde o nascimento até o fim da vida. Assim, a sexualidade é integrante do processo de desenvolvimento humano. Este momento que a criança vivência de curiosidade voltada aos órgãos genitais e obtenção de prazer neste local é denominada por Freud como fase fálica e faz parte do processo de conhecimento do corpo pela criança.

Diante desta compreensão, questiona-se como pais e educadores podem lidar com estes comportamentos (masturbação, exibicionismo). Se estes são fontes de prazer para a criança, tal descoberta não pode ser bruscamente reprimida, mas sim orientada e esclarecida. O adulto deve auxiliar a criança a lidar com suas descobertas, tendo cautela visto que a curiosidade infantil não é idêntica à sexualidade própria do adulto. Portanto, não adiante informações que ainda não fazem parte do universo da criança. No caso da masturbação, é interessante buscar chamar a atenção da criança para outras atividades sem castigá-la ou puni-la. Por fim, ressalta-se que deve se atentar para os casos em que estes comportamentos estão se apresentando com alta frequência e intensidade ou assumem uma forma não esperada... nestes casos, a criança deve ser encaminhada a um especialista para uma avaliação mais aprofundada.

Referência: FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, 1905. In: Um caso de histeria e Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 7).