A criança quando nasce vem ocupar o lugar de uma falta, se não fosse assim, não existiria lugar para ela.
Quando os pais têm um desejo de ter um filho se empenham em realizá-lo, outros, acreditam que querem, mas na verdade não existe o lugar para esse desejo, então mesmo que se empenhem muito, não conseguem engravidar. Falo aqui de situações onde mesmo que organicamente as condições se apresentem favoráveis (não tenham nenhum problema orgânico nem com o homem nem com a mulher), ainda assim, não consigam.

É importante diferenciar que muitas vezes as pessoas verbalizam que querem algo, mas isso não coincide com o verdadeiro desejo que está no seu inconsciente. Isso significa que dizem que querem determina da situação, mas não a desejam.

No caso do nascimento de uma criança é fundamental que ela tenha sido desejada.

Desejada para que? Podemos perguntar.

Existem mulheres que podem ter um filho e doá-lo para uma outra – que pode ser sua própria mãe - mesmo que ela não tenha consciência disso. Que o entrega aos cuidados de outros: parentes, vizinhos, ou "a própria sorte"; que o dão para doação, ou em casos extremos o abandona na rua (como vimos acontecer essa semana em São Paulo, e foi noticiado na TV) ou em casos mais graves, jogam fora, como se fosse um objeto ou ainda, os matam.

E porque uma mulher engravida, tem um filho e faz algo tão terrível como nos últimos casos?

Para responder, teríamos que analisar cada caso, (podemos em outro artigo falar mais a respeito), mas um fato importante a considerar é que o desejo não é algo natural.

Ele está em relação a uma falta.

Se o desejo fosse algo natural, toda mulher desejaria ter um filho. E também os homens, pois existem homens que não querem ser pais.

E o fato de uma mulher ou de um homem não querer ser pai ou mãe, mesmo depois que eles o tiveram, tem relação com o complexo de Édipo de cada um deles. Com a relação que cada um teve e ainda mantêm com seus próprios pais.

E as mulheres e os homens que tem empecilhos que os impossibilitam em serem pais ou em cumprirem essas funções, na grande maioria não sabem o porquê.

E não o sabem porque a causa é inconsciente.

Fonte: Blog da escuta analítica