O filhote do homem, o pequeno infans, o bebê, é um ser totalmente indefeso, que necessita - quando nasce - de um Outro que satisfaça suas necessidades alimentícias e de asseios.

Isso acontece, porque diferente das outras espécies, o bebê é sempre prematuro, não consegue buscar seu alimento, por isso precisa de um outro, no caso a mãe, ou quem vá a esse lugar, cumprir a função materna.

Porém o ser humano não precisa somente de alimento e cuidados básicos para se desenvolver, ele necessita também de palavras. E isso vai desenvolver a relação entre o bebê e sua mãe. Quando ele emite um signo – o grito ou o choro – a mãe interpretará e lhe devolverá como um significante, "é choro de fome"; "é choro de frio", etc.

Através das palavras que a mãe emitir, o bebê receberá o alimento que transformará seu pequeno corpo biológico em um corpo simbólico, banhado pela linguagem.

E todo o desenvolvimento psico-fisico-motor estará relacionado com essa fase de vida, que responde ao desejo inconsciente da mãe (salvaguardando, é claro, os problemas orgânicos que a criança possa trazer ao nascer).

Portanto, o bebê necessita da mãe para satisfazer suas necessidades biológicas, para sua sobrevivência e para a constituição subjetiva enquanto sujeito.

As palavras não são somente palavras, elas são significantes que transportam tanto o amor, quanto o ódio e elas fazem inscrição no corpo do bebê e deixam marcas.

Andreneide Dantas

Fonte: Blog da escuta