Ana Spenciere

"Ana, não consigo controlar minha alimentação!", essa é, sem dúvida, uma das frases que mais ouço em meus atendimentos psicoterapêuticos. Pessoas que padecem do excesso de peso costumam concentrar toda sua atenção em controle alimentar, pois se consideram pessoas descontroladas. Contudo, o que mais fazem é controlar, pois na busca pelo peso ideal, o controle passa a ser o centro de suas vidas. Assim, contar calorias, pesar os alimentos, tirar fotos dos alimentos e postá-las nas redes sociais parecem ser as únicas maneiras de resolver a questão do excesso de peso.

Tal conduta, entretanto, é errônea, já que não é possível obter o controle absoluto desejado e é justamente quando se deparam com essa descoberta que o controle se transforma em descontrole e o pensamento do tipo "tudo ou nada" aparece. O pensamento "tudo ou nada" é muito característico das pessoas que fazem dieta para emagrecer. Um exemplo desse tipo de pensamento é: "ou faço dieta rigorosamente ou não faço nada".

Reflita comigo: quantas vezes você pensou estar no controle de uma determinada situação e, na verdade, a situação te controlava? Fazer dieta é uma dessas situações. Se você parar para pensar, a dieta controla cada um dos seus minutos, mas você crê que precisa disso para sentir-se segura de que vai conseguir emagrecer, não é?

Passemos agora para o oposto do controle alimentar: o descontrole. O descontrole alimentar não se caracteriza apenas pelo oposto do controle. Ele também traduz um temperamento de excessiva rigidez consigo mesma e com os outros. Caracteriza pessoas altamente exigentes e perfeccionistas, que encontram na alimentação excessiva a válvula de escape como um comportamento compensatório.

A essa altura, você deve estar pensando qual caminho seguir para alcançar um emagrecimento definitivo. Sem sombra de dúvida, o da regulação emocional. A regulação emocional inclui qualquer estratégia de enfrentamento que o indivíduo usa ao vivenciar uma emoção indesejada. Folkman e Lazarus (1988) identificaram oito estratégias para lidar com as emoções: confrontação, distanciamento, autocontrole, busca de apoio social, aceitação de responsabilidade, fuga-esquiva, resolução de problemas e a reavaliação positiva.

Aprender com as experiências faz parte do processo de regulação emocional. Se você lida melhor com as emoções por meio de alguma dessas oito estratégias de enfrentamento, tem menor chance de se exacerbar no comportamento e usar a comida como válvula de escape. A regulação emocional pode ser comparada a um termômetro capaz de manter as emoções em "nível tolerável" para que se possa lidar com elas.

No acompanhamento psicoterápico com ênfase na modificação do comportamento alimentar, meus pacientes são convidados a substituir o controle alimentar pela regulação das suas emoções. É a partir daí que o ponteiro da balança começa a descer. Compreender e ressignificar as emoções que desequilibram não apenas a dieta, mas a vida é um dos caminhos mais sustentáveis para o emagrecimento definitivo. Experimente. É desafiante, porém prazeroso e possui zero caloria. :)

Fonte: Ludovica