Superar a morte é algo muito difícil, que muitas vezes não sabemos lidar, mesmo sendo do conhecimento de todos que é algo certo na vida. Mas, e quando perdemos um animal de estimação? Como superar esse trauma?

Vamos considerar alguns pontos…

Fases do luto:

Negação, choque e isolamento

Pode acontecer ainda quando o animal está vivo, em fase terminal, ou com risco de morte. O dono tem dificuldade em aceitar a morte do animal, esta dificuldade pode evoluir para um estado de choque quando a morte acontece. Na negação o dono tem dificuldade em entender que o animal já morreu, tem a sensação que pode mudar a realidade e que seu animal de estimação voltará a viver. Normalmente, nesta fase o dono começa a procurar o porquê dos fatos, o porquê de ter acontecido com ele. Procurar uma causa para esta triste consequência que é a morte.

Raiva

Assim que o dono se dá conta da realidade, da perda de seu animal de estimação, o dono pode se sentir raivoso. Esta raiva pode ser direcionada para o veterinário que não salvou a vida de seu animal, para os familiares que não respeitam sua dor, ou não expressam como ele sentimentos pelo bichano, também pode ficar com raiva de Deus e até se sentir traído pelo próprio animal de estimação que o deixou.

Culpa

Os donos se questionam a todo o momento se não poderiam ter feito diferente, se fizeram a escolha certa, se não deveriam ter procurado outro profissional. A cabeça fica cheia de "se…" "se isso, se aquilo".

A culpa é recorrente, pois o dono é o responsável pelo animal, ele é quem toma as decisões que influenciam de forma determinante na vida do bichano. Assim, o dono sente-se também responsável pela sua morte.

Nos casos de eutanásia o dono também passa pela culpa, mesmo quando ele aceita o processo, fica o questionamento se ele deveria ter insistido no tratamento, se deveria ter feito a eutanásia antes, se prolongou demais o sofrimento do bichano ou se não se esforçou o suficiente para lhe garantir a vida.

Depressão, desânimo e desespero

Da mesma forma que nos entristecemos quando perdemos uma pessoa, o mesmo pode ocorrer quando perdemos um animal. É natural, pois perdemos alguém que amamos, alguém que estava presente, diariamente, em nossa vida, e que agora teremos que aprender a viver sem.

Como supramencionado, não há um tempo exato para esta tristeza passar. Partilhar este momento com outras pessoas que compreendem ou passam por essa dor, podem auxiliar a nos reintegrar emocionalmente.

Contudo, quando essa tristeza impossibilitar ou paralisar por muito tempo sua rotina, quando esta tristeza te impedir de seguir adiante, e te isolar por muito tempo do que fazia, talvez seja hora de procurar ajuda.

Aceitação

Entender o fato como algo que aconteceu e que não tem como alterar. Encarar a vida e seguir vivendo. A aceitação é um momento marcado por calma e paz, em que o dono conseguirá encontrar um lugar adequado para seu animal de estimação em sua vida psicológica. Isso não significa esquecê-lo, mas sim resignificá-lo emocionalmente. Neste momento a morte do animal não mais "paralisará" o dono.

Não esqueça que o processo de luto é único, cada indivíduo vai vivê-lo em seu tempo e da sua forma. Não existe certo e errado.

Fonte: Sociedade Paulista de Psicanálise