É possível prever a agressividade de alguém que você nem conhece - basta observar seu modo de andar. Pelo menos, é o que diz um estudo publicado por um grupo de psicólogos da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, que comparou as personalidades de algumas pessoas com o jeito como eles caminham.

O estudo foi pequeno - teve só 29 participantes -, mas os pesquisadores encontraram uma ligação bem clara entre a personalidade agressiva e uma maneira específica de andar: mexendo exageradamente os membros de um lado para o outro.

Quando a gente anda, é normal que o corpo balance e rode um pouquinho: quando você pisa com o pé esquerdo na frente, seu o ombro esquerdo vai para trás - e aí, para manter o equilíbrio, o ombro direito vai para a frente, o que faz você rodar um pouco. A pessoa agressiva, diz o estudo, exagera nessa rotação - ou roda de um jeito muito rápido, ou muito bruto.

Para chegar a essa conclusão, os psicólogos precisaram determinar a agressividade de cada pessoa. Com isso em mente, pediram que os participantes respondessem um questionário criado para medir essa característica, com perguntas sobre stress, irritação e formas de resolução de conflito. Eles também aplicaram um teste de personalidade padrão, chamado The Big Five (ou os 5 Grandes Fatores), que foi criado para determinar a personalidade da pessoa entre cinco tipos principais: extrovertido, neurótico, consciente, afável e aberto à experiência.

Depois dessa etapa, os psicólogos analisaram a caminhada em si: colocaram sensores de movimento nos participantes enquanto eles andavam, normalmente, em uma esteira. Aí, esses movimentos foram transformados, no computador, em uma animação em 3D de uma pessoinha caminhando - e de lá os psicólogos conseguiram comparar melhor alguns aspectos da caminhada, como a velocidade média, o tamanho da passada e, por fim, a rotação - único traço em comum entre as pessoas agressivas.

Com esses resultados, os cientistas tiveram uma ideia um tanto assustadora: usar os dados para treinar uma inteligência artificial a reconhecer uma pessoa agressiva através de câmeras de segurança, quase como no filme Minority Report - só que, em vez das videntes, a polícia usaria um programa de computador.

Isso dá medo se a gente pensar que a generalização poderia encrencar muita gente sem motivo - algo que quase já aconteceu na história: no final de século 19, um cientista chamado Cesare Lombroso clamava que o formato do crânio podia identificar se a pessoa era delinquente ou não. Em seu livro, L'uomo delinquente, Lombroso quase sempre associava a tendência à criminalidade aos cérebros de negros, árabes e principalmente judeus. Essas ideias ajudaram a inspirar genocídios, como o Holocausto nazista.

Ou seja: só por esse estudo, não dá para concluir muita coisa sobre prevenção da criminalidade - e falta muito chão, muita análise e muito mais dados para entender se essa correlação é, realmente, verdadeira.

Fonte: Super Interessante

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