A grande maioria das pessoas pensam que fazer terapia é uma experiência difícil apenas para o paciente. O psicólogo muitas vezes é colocado como o ser do supremo saber que está ali para "resolver" os problemas ou pelo menos trazer uma solução. Percebe-se na clínica (e até mesmo entre nossos familiares e amigos) o mito de que o psicólogo deve ser uma pessoa totalmente centrada, equilibrada e que não tem problemas . Nos tornamos quase uma divindade, imune às dores e problemas da vida, onde são somos autorizados a nem sentirmos raiva ou tristeza.

Porém, a realidade não é assim. Somos seres de carne e osso com vários problemas e com dores. Temos conflitos internos, questões emocionais que também precisamos resolver em terapia. Sim, psicólogo também faz (ou deveria fazer) terapia.

Vou te contar o que aprendi até agora em meus atendimentos:

Aprendemos com o paciente.

Por mais incrível que isso pode parecer, cada paciente deixa uma marca, uma impressão em nossas vidas que acaba nos ajudando.

Somos de carne e osso

Isso significa que também terei crises e tenho que me aceitar nas crises e tentar mudar também.

Sou falível

Não temos todas as respostas. Às vezes também ficamos perdidos sem saber o que fazer ou falar. Aí entra a supervisão e a própria terapia para nos ajudarmos. Sem falar na continuidade dos estudos.

Se importar com o outro é estar disponível

Não preciso e nem devo ser amiga do paciente. Mas posso me importar com a dor que o paciente traz. Para isso acolho o paciente não apenas em consultório, pois as vezes o paciente precisa de me ligar em uma crise e não posso simplesmente me "desligar" porque ali tem uma vida .

Preciso impor limites

Da mesma forma que eu me coloco à disposição eu tenho que impor limites para isso. Pode parecer que este ponto se oponha ao de cima, mas não é verdade. O limite é necessário tanto para essa "disposição", como para tudo em minha vida. O limite me conduz ao equilíbrio e o equilíbrio é fundamental na minha vida. Nada em excesso é bom.

Cada dor é única

Isso vale inclusive para a minha dor. Mas o ponto principal é que eu não devo tratar meus pacientes de forma única, como uma receita de bolo. Ao respeitar a dor e entender como cada uma como sendo diferente (mesmo sendo queixas iguais), eu valorizo e acolho a dor individual.

Cada pessoa tem seu próprio tempo de mudança

Não devo forças ou tentar mudar o paciente de acordo com o meu ritmo, mas de acordo com o ritmo dele. Isso vale para mim também. Às vezes, a mudança vem devagar, as rápidas , mas sempre vem no tempo certo! No tempo que cada um consegue lidar e enfrentar. Eu devo respeitar isso, com o paciente e comigo.

A me cuidar

Da mesma forma que eu atendo pessoas que buscam ajuda e estão se cuidando eu também preciso me cuidar. Se eu não estiver bem como poderei ajudar o outro? Preciso ter um tempo para mim, para relaxar, para cuidar da saúde, seja física ou emocional. Não posso simplesmente esquecer de que eu também sou uma pessoa com necessidades e desejos.

Por Debora Oliveira,Psicóloga Clínica

Fonte do texto e da imagem: Psicóloga Débora Oliveira