Quando dizemos que uma pessoa é um dependente químico, nós estamos dizendo que a pessoa precisa de uma substância (como álcool, maconha, cocaína, nicotina) para se sentir bem e, ao mesmo tempo, a substância é fundamental, ou seja, a pessoa depende dela. Por este motivo, falamos em uma pessoa dependente de substância.

Na dependência emocional, podemos encontrar semelhanças nestes dois fatores:– para se sentir bem a pessoa precisa de outra pessoa, como o namorado ou marido;
– a necessidade da presença é tanta que devemos dizer que a pessoa sente que precisa, que depende, da outra para viver. E, assim, pode fazer toda sorte de sacrifícios para manter o relacionamento, ainda que o mesmo possa estar indo de mal a pior.

Bem, esta é uma definição básica, uma analogia com a dependência química, para que comecemos a entender o que é a dependência emocional.

O que é dependência emocional?

Segundo a Mental Health America, uma associação americana sem fins lucrativos, "a co-dependência ou a dependência emocional é uma condição emocional ou comportamental que afeta a habilidade do indivíduo de ter um relacionamento saudável e mutualmente satisfatório". Por esta definição, começamos a ver que a dependência emocional terá impactos negativos não só para a pessoa que sofre, mas também para o seu parceiro ou parceira.

Uma definição mais clara e ligada à psicologia diz que a co-dependência ou a dependência emocional é "uma condição psicológica ou um relacionamento no qual a pessoa é controlada ou manipulada por outra que é afetada por uma condição patológica". Neste sentido, a dependência emocional já poderia ser considerada uma condição patológica, que exige cuidados e tratamento. Nem sempre é o caso, porém, é importante considerar a possibilidade de se tratar de um transtorno mental. Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos para o Transtorno de Personalidade Dependente são:

Transtorno de Personalidade Dependente – DSM-5

Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamentos de submissão e apego que surge no início da vida adulta e esta'presenta em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:

1) Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros.
2) Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida
3) Tem dificuldade em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação (Nota: não incluir os medos reais de retaliação).
4) Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidade do que a falta de motivação ou energia).
5) Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis.
6) Sente-se desconfortável ou desamparo quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo.
7) Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após término de um relacionamento íntimo.
8) Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte.

5 formas para se tornar menos dependente

Sendo ou não um transtorno mental, exigindo ou não um tratamento mais especializado, as dicas a seguir podem ajudar qualquer um a ser menos dependente.

1) Consciência da dependência emocional
A consciência da dependência emocional é o primeiro passo para começar a superar os sentimentos. Sem ter consciência do que está acontecendo, tudo vai continuar como está e o sofrimento tenderá a continuar. Ao passo que se uma mudança for buscada, ela pode ocorrer com a criação de mais autoestima, autovalorização e/ou com a ajuda de psicoterapia.

2) Reconheça o seu valor
Reconheça o seu valor-próprio e trabalhe para aumentar a autoestima, que pode ser melhorada com o foco em pensamentos positivos sobre si mesmo, percebendo suas limitações bem como suas conquistas, estabelecendo metas e objetivos, ajudando outros e fazendo o que te faz sentir bem. Aceite as suas decisões e observe a sua capacidade de fazer o que é melhor para você (e solicite ajuda se você precisar).

3) Perceba que você tem o controle de si
Perceba que você tem o controle de si, incluindo seus sentimentos, emoções e ações. Algumas vezes acontecem eventos na vida que são incontroláveis, mas você precisa perceber o que você pode controlar. Não permita que outra pessoa controle o caminho que você deve seguir.

4) Reconheça as suas necessidades emocionais
Reconheça as suas necessidades emocionais e não dependa de uma única pessoa. Ou seja, trabalhe para construir uma rede de relacionamentos (amizades, colegas, familiares) e também considere a importância de fazer terapia. Afinal, na terapia podemos falar coisas que não falaríamos em outros tipos de relacionamento.

5) Não programe o seu dia-a-dia dependendo da outra pessoa
Perceba que você também possui necessidades que são importantes e você precisa ter controle da sua própria vida e fazer as suas coisas independente dos outros. Você pode se comprometer e reconhecer as necessidades do outro, mas você tem que se lembrar igualmente que você tem que viver sua vida, para além do relacionamento.

Conclusão

Alguns especialistas gostam de fazer a diferença nos relacionamentos amorosos entre:
– amar o modo como a outra pessoa é;
– amar o fato de estar sendo amada, ou seja, depender do amor do outro para ser feliz.

No primeiro caso, há admiração e respeito. No segundo, há a possibilidade de se transformar em uma dependência emocional. Como dissemos no início, a dependência emocional consiste em depender da outra pessoa para ser feliz. Como se dissesse "Se a outra pessoa não me ama ou não mostra que me ama, eu não sou feliz". Assim, começam todas as tentativas e jogos para ser amada e continuar sendo amada, ainda que o relacionamento possa estar péssimo.

É comum, na dependência emocional, que a pessoa deixe de lado a sua própria vida. Trabalho. Estudos. Amigos. Grandes amigos. Tudo para se dedicar integralmente ao relacionamento. Nem sempre se trata de um transtorno mental como o que foi catalogado pelo DSM-5 como Transtorno da Personalidade Dependente. Entretanto, como todo e qualquer sofrimento, é possível encontrar uma forma de superá-lo. A terapia com um profissional da psicologia pode ajudar e o progresso começará a aparecer quando a pessoa entender que o modo como sente é independente do que os outros fazem ou deixam de fazer. Como diz Osho: "Se você é capaz de ser feliz quando está sozinho, você aprendeu o segredo de ser feliz".

Fonte do texto e da imagem: psicologiamsn.com/2014/08/dependencia-emocional-5-formas-para-ser-menos-dependente.html" target="_blank">psicologia MSN