Olá, você sabe por que vivenciamos um crescente individualismo? Um dos maiores escritores de todos os tempos, Dostoiévski, sustentava que os valores morais só podem existir com o alicerce religioso. Portanto, a queda da religiosidade atual explica, em parte, o predomínio do pensar só em si mesmo. Saiba mais no artigo abaixo.

Você já reparou como as pessoas se importam cada vez menos com os problemas dos outros? Pior, mal olham para quem está ao seu lado? A passividade atual da maioria das pessoas, mesmo diante de situações chocantes, ocorre por uma padronização do individualismo radical e extremista no qual o outro é visto como alguém a ser usado ou deixado de lado, dependendo da capacidade que esse outro tem de satisfazer a nossas necessidades pessoais. Logo, a incapacidade de agir é um reflexo desse modo de pensar atual.

Essa inércia da população está ligada ao individualismo essencial da pós-modernidade em que vivemos. Isso seria um problema psicológico se considerássemos a sociedade como um todo. Por que houve esse crescente individualismo? Um dos maiores escritores de todos os tempos, Dostoiévski, sustentava que os valores morais só podem existir com o alicerce religioso. Portanto, a queda da religiosidade atual explica, em parte, o predomínio do pensar só em si mesmo.

Mas, felizmente, há o outro lado da moeda. E o que leva algumas pessoas a ajudar é a capacidade diferenciada de se relacionar com o outro, de postar-se como se estivesse naquele lugar e buscar ajuda, de sair do alienamento individualista que beira um "autismo".

É preciso descobrir a verdade sobre si mesmo e sair da alienação individualista que a sociedade tenta nos imputar nos dias atuais. Só aquele que consegue saber sua verdade pode despojar-se de si mesmo para olhar e ajudar o outro. A história mostra que as pessoas mais humanitárias que existiram foram aquelas que sabiam sobre os seus desejos, que sabiam quem eram e que não se perdiam dentro de um labirinto interno egoísta e autocentrado.

Por Elaine Di Sarno, psicóloga com especialização em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica; e Terapia Cognitivo Comportamental, ambas pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – FMUSP. É pesquisadora e colaboradora do PROJESQ (Projeto Esquizofrenia) do IPq-HC-FMUSP.