Muitas crianças quando entram na fase estudantil ou até mesmo antes possuem uma imensa dificuldade de aprender e em diversos casos os pais ou responsáveis não se dão contam do diagnóstico da criança até procurar ajuda de um profissional qualificado. Todo esse problema de aprendizagem pode ser dislexia que é um transtorno específico para isso, de origem neurobiológica.

A dislexia trata-se de um conjunto de sintomas, que resultam em pessoas com dificuldades com habilidades específicas de linguagem, particularmente a leitura. É caracterizada por uma dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração.

Os sintomas da dislexia podem variar dependendo da idade. Pode acontecer que a criança tenha um ou dois sintomas que se encaixe no transtorno, no entanto, isso não quer dizer que ela ou ele tenham. Entretanto, se vários dos sintomas da dislexia forem observados na criança é necessário realizar uma avaliação de um profissional adequado.


O momento que a criança começa a dizer as primeiras palavras geralmente surge por volta de um ano e as primeiras frases começam a ser ditas por volta de um ano e meio a dois anos. O atraso nessa fase pode ser que seja um sinal de alerta para um indicativo de dislexia.

De acordo com a neuropsicóloga Maria Lazzarotto Vizzotto quando a criança é mais suscetível a ter dislexia talvez não inicie a fase de pronunciar as primeiras palavras antes da média de um ano e três meses de vida. Talvez também não pronuncie frases antes de completar dois anos.


Dislexia


Tem como definição, distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o quadro de maior incidência em salas de aula. A pré-escola, geralmente, é o lugar mais propicio para que o distúrbio seja identificado. A facilidade aparente com que as crianças começam a aprender a ler contrasta fortemente com o dilema de um subgrupo surpreendentemente grande de crianças que tentam extrair o significado de palavras impressas.

"A dislexia é caracterizada por dificuldades de reconhecimento de palavras, de soletração, decodificação, lentidão na leitura e na escrita, inversão de letras e números e problemas de memorização. O fracasso do desenvolvimento da leitura fluente (capacidade de ler um texto não somente com precisão, mas com rapidez e expressão adequada) também é uma característica do distúrbio que persiste na adolescência e idade adulta. Trata-se de uma condição hereditária, com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico", esclarece a neuropsicóloga Márcia Lazzarotto Vizzotto.

É necessário estar atento no desenvolvimento da criança de maneira geral e caso alguma dificuldade seja percebida é recomendado procurar orientação de um profissional especialista. O tratamento e o diagnóstico da dislexia exigem a participação de equipe multidisciplinar, com profissionais como pedagogo, fonoaudiólogo e psicólogo.

Pré-escola


Nessa fase a criança pode ter:

Problemas de aprendizagem de rimas; falta de interesse pelas rimas; palavras mal pronunciadas; dificuldade em aprender e lembrar o nome da letra; deficiência em saber o nome das letras de seu próprio nome.

Falar mais tarde do que a maioria das crianças.

Ter mais dificuldade do que outras crianças ao pronunciar as palavras.

Ser lento para adicionar novas palavras de vocabulário e ser incapaz de recordar a palavra certa.

Ter dificuldade em aprender o alfabeto, números, dias da semana, cores, formas, como soletrar e como escrever seu nome.

Demonstrar dificuldade ao tentar rimar palavras e reconhecer letras e fonemas.

Ser lento para desenvolver habilidades motoras finas. Por exemplo, seu filho pode levar mais tempo do que outros da mesma idade para aprender a segurar um lápis na posição de escrever, usar botões e zíperes e escovar os dentes.

Ter dificuldade em separar sons em palavras e misturar sons para fazer palavras.

Jardim de infância à 4ª série


Dificuldade em entender que as palavras podem ser divididas em partes; dificuldade em associar letras a sons; incapacidade de ler palavras simples; reclamações de o quanto é difícil ler; histórico de problemas de leitura presente nos pais e irmãos.

Tem dificuldade em ler palavras simples que não estão cercadas por outras palavras.

Podem ser lentos para aprender a conexão entre letras e sons.

Ensino Fundamental


Possuem discurso não fluente (pausas ou hesitações frequentes, muitos "hummm…");

Não ser capaz de encontrar as palavras corretas, confundindo as que tenham a sonoridade semelhante; problema ao lembrar datas, nomes, números de telefone, listas; medo de ler em voz alta; desempenho fraco em testes de múltipla escolha;

Ter dificuldade em terminar provas no tempo estabelecido; problemas na leitura dos enunciados dos problemas matemáticos; leitura lenta e cansativa;

Apresentar deveres de casa incompletos e intermináveis; necessitam de ajuda para ler o enunciado; extrema dificuldade para aprender uma língua estrangeira.

Ensino médio e faculdade


Nesses períodos estudantes podem:

Ler muito lentamente com muitas imprecisões.

Continuar a soletrar incorretamente, ou soletrar frequentemente a mesma palavra diferentemente em uma única parte de escrita.

Evitar testes que exigem leitura e escrita, e procrastinar em tarefas de leitura e escrita.

Ter dificuldade em preparar resumos e contornos para as aulas.

Trabalhar intensamente em tarefas de leitura e escrita.

Ter poucas habilidades de memória e completar o trabalho atribuído mais lentamente do que o esperado.


Ter um vocabulário inadequado e ser incapaz de armazenar muita informação da leitura.

Geral


Crianças e adultos disléxicos podem se tornar ávidos e entusiastas leitores quando dadas as ferramentas de aprendizagem que se encaixam no seu estilo de aprendizagem criativa.

Aparece brilhante, altamente inteligente e articulado, mas incapaz de ler, escrever ou soletrar ao nível da classe.

Marcado como preguiçoso, mudo, descuidado, imaturo, "não tentando o suficiente" ou com "problema de comportamento".

Não é "atrasado o suficiente" ou "ruim o suficiente" para ser ajudado no ambiente escolar.

Alto em QI (Coeficiente de Inteligência), ainda que não seja academicamente bem avaliado. Vai bem em testes orais, mas não em testes escritos.


Parece estúpido;

Tem baixa autoestima;

Esconde ou encobre suas fraquezas com estratégias compensatórias engenhosas; Facilmente frustrado sobre a leitura da escola ou a realização de testes.

Talentoso em arte, drama, música, esportes, mecânica, contador de histórias, vendas, negócios, projeto, construção ou engenharia.

Parece viajar ou sonhar acordado muitas vezes;

Se perde facilmente ou perde a noção do tempo.

Dificuldade em manter a atenção.

Aprende melhor através da experiência prática, demonstrações, experimentação, observação e ajudas visuais.

Ortografia, leitura e visão


Queixa-se de tonturas, dores de cabeça ou dores de estômago durante a leitura.

É confundido por letras, números, palavras, sequências ou explicações verbais.

Ao ler ou escrever mostra repetições, adições, transposições, omissões, substituições e reversões em letras, números e / ou palavras.

Queixa-se de sentir ou ver movimento inexistente durante a leitura, escrita ou cópia.

Parece ter dificuldade com a visão, mas exames oculares não revelam um problema.

Tem visão extremamente aguçada e é excelente observador. Possui falta de percepção de profundidade e visão periférica.

Lê e relê com pouca compreensão.

Soletra foneticamente e inconsistentemente.

Discurso e audição


Tem audição prolongada; ouve coisas não ditas ou aparentes para os outros; é facilmente distraído por sons.


Possui dificuldade em colocar pensamentos em palavras; fala utilizando frases hesitantes; deixa frases incompletas; gagueja sob estresse; pronuncia incorretamente palavras longas, ou transpõe frases, palavras e sílabas ao falar.

Habilidades motoras e escrita


Apresenta problemas com a escrita ou cópia; O aperto do lápis é incomum; A caligrafia varia ou é ilegível.


É desajeitado, desordenado, possui dificuldade na prática de esportes de bola ou de equipe; Dificuldades com habilidades e tarefas motrizes finas e/ou grossas; Pode estar mais propenso à doenças.


Pode ser ambidestro, e muitas vezes confunde esquerda/direita.

Matemática e gestão do tempo

Tem dificuldade em gerenciar o tempo, aprender informações ou tarefas sequenciadas, ou estar no horário.


Computação matemática mostra dependência na contagem de dedos e outros truques; Sabe respostas, mas não pode fazê-lo no papel.


Pode contar, mas tem dificuldade em contar objetos e lidar com dinheiro.


Pode fazer aritmética, mas falha em problemas de palavra. Tem dificuldade em compreender álgebra ou matemática superior.

Cognição e memória


Possui excelente memória de longo prazo para experiências, locais e rostos.

Má memória para sequências, fatos e informações que não tenham sido experimentadas.


Pensa principalmente com imagens e sentimentos, não sons ou palavras (pouco diálogo interno).

Comportamento, Saúde, Desenvolvimento e Personalidade


Extremamente desordenado ou compulsivamente ordenado.

Pode ser o palhaço da classe, um gerador de problemas (muito bagunceiro) ou extremamente quieto.

Pode possuir fases de desenvolvimento inusitadamente precoces ou tardias (conversando, rastejando, andando amarrando sapatos).

Tendência a ter a infecções de ouvido; sensíveis a alimentos, aditivos e produtos químicos.

Pode sofrer com insônia ou hipersonia; pode estar propenso a urinar na cama em determinadas idades.

Tolerância incomumente alta ou baixa para a dor.

Forte senso de justiça;

Emocionalmente sensível;

Esforça-se para a perfeição.

Erros e sintomas aumentam dramaticamente com locais bagunçados, pressão do tempo, estresse emocional ou má saúde.

Famosos que têm dislexia


Apesar de nem todo mundo saber que possuem dislexia vários famosos como músicos, pintores, atletas e gênios possuíam o distúrbio, tais como: Alexander Graham Bell, Henry Ford, John Lennon, Leonardo da Vinci, Muhammad Ali, Pablo Picasso, Walt Disney e Albert Einstein.


Orientações aos responsáveis da criança


Quanto antes fizer um diagnóstico, mais rápido a criança poderá ter acesso a ajuda de profissionais especializados como fonoaudiólogos e especializados. Dessa forma, muito provavelmente também se conseguirá evitar problemas decorrentes que atingem a auto-estima.

Caso os responsáveis da criança notem os sintomas de dislexia é necessário que o professor esteja à par da situação. No entanto, os pais não devem ficar dependendo somente da escola para ter uma avaliação. O profissional pediatra pode fazer o encaminhamento para que seja realizado o teste.


É de suma importância que os pais, professores e até mesmo a criança compreendam a natureza da dificuldade de leitura para que seja desenvolvido uma opinião positiva sobre a própria criança.


"E muito importante: não subestime a criança ou reduza suas expectativas. Trate-a sempre como uma pessoa com muitas variáveis, não simplesmente como alguém que tenha um problema de leitura. Deixe que suas habilidades, ao invés de suas deficiências, a definam como pessoa. ", enfatiza a neuropsicóloga.

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Fonte: Vittude

Imagem: Freepik