Diversas pessoas acreditam que o fato de acordarem com mau humor e com o decorrer do dia, se sentirem mais felizes se encaixam no quadro de bipolaridade. No entanto, essa mudança de humor na realidade, não tem nada a ver com o que o transtorno afetivo bipolar realmente é. Além disso, há quem acredite que bipolaridade seja a mesma coisa que dupla personalidade, porém, são duas situações bem diferentes.


Transtorno bipolar


Considerado uma doença crônica o transtorno de personalidade bipolar é caracterizado pela alternância entre dois polos: o depressivo e o eufórico. E essas mudanças podem ocorrer de forma súbita e intensa.

Quando se trata do polo depressivo como o próprio nome diz, pode carregar características similares às de um quadro de depressão, como a perda de interesse e prazer nas atividades que antes o paciente realizava, pessimismo, baixa autoestima, insônia e isolamento. Esse estágio também pode ser conhecido como transtorno bipolar depressivo.

Já em relação ao polo da mania, as características de uma pessoa bipolar englobam o sentimento eufórico, alegre, autoconfiante, hiperativo e muito falante. Porém, possui alguns sintomas psicóticos como delírios de grandeza, aumento da libido e atividade sexual, falta de avaliação em situações de risco, além de se tornar bastante irritável.

Essas fases diferentes de humor que uma pessoa bipolar possui efeitos negativos enormes em sua vida, já que atuam sobre as atitudes e reações, sendo essas, geralmente desproporcionais às situações.

Cerca de 10% da população mundial são afetadas pelos distúrbios de oscilação do humor. Em épocas passadas o transtorno tinha a nomenclatura de psicose maníaco-depressiva. Somente em 1980 que se compreendeu que os termos "psicose" e "mania" eram muito estigmatizados e remetiam à loucura. Apesar que na época a utilização desses termos não estava errada, pois, descreviam episódios marcantes da doença, já que durante as crises as pessoas ficam psicóticas, ou seja, sofrem alterações na pisque que produzem delírios.

O significado da palavra "maníaca" vem de "mania", e descreve o extremo de euforia, em que os níveis de energia estão elevados e os limites entre a prudência e o perigo são atravessados. Mas, para se livrar do estigma e trazer termos mais corretos ao que o transtorno realmente é, foi decidido colocar "transtorno afetivo bipolar".

Alguns sintomas existentes ajudam a identificar uma pessoa que seja bipolar. Entretanto, somente o psiquiatra ou psicólogo podem fornecer um diagnóstico da doença, pois utilizam métodos e técnicas de como identificar uma pessoa bipolar. Raiva, ansiedade, apatia, angústia, euforia, descontentamento geral, agitação, choro excessivo, hiperatividade, impulsividade, episódios maníacos, paranoia, entre outros.

Em relação a origem do transtorno bipolar não se sabe ao certo, mas, alguns fatores estão envolvidos no surgimento da doença como, por exemplo, a hereditariedade. Pesquisas científicas explicam a importância dos genes na predisposição de distúrbios de oscilação de humor. Em parentes de 1º grau e irmãos gêmeos, os riscos da doença ser passado para os descendentes são elevados, assim como a combinação de pai e mãe instáveis, mesmo sem sofrerem de transtorno bipolar.


Para o funcionamento do nosso corpo os neurotransmissores são vitais, pois, atuam como mensageiros químicos que transportam e regulam sinais entre neurônios e outras células. O desequilíbrio em seu funcionamento pode ser um fator causador do transtorno bipolar.

Entende-se que o meio externo é um dos maiores causadores de doenças psicológicas, e o transtorno afetivo bipolar entra nessa lista. Experiências traumáticas, abuso sexual ou psicológico, estresse e mudanças drásticas na vida do indivíduo corroboram para o surgimento da doença. O abuso de remédios, álcool e drogas ilícitas também fazem parte da lista de gatilhos.

Dupla personalidade


Popularmente conhecido como dupla personalidade, seu nome oficial é transtorno dissociativo de identidade (TDI). O Manual MSD define que "O transtorno de identidade dissociativa, chamado antigamente de transtorno de personalidades múltiplas, é um tipo de transtorno dissociativo caracterizado por cerca de 2 estados de personalidade (também chamados alter egos ou estados do eu ou identidades) que se alternam. O transtorno inclui a incapacidade de recordar eventos diários, informações pessoais importantes e/ou eventos traumáticos ou estressantes, todo os quais tipicamente não seriam normalmente perdidos com o esquecimento normal".

Não há idade ou sexo especifico para o surgimento desse distúrbio. As causas estão ligadas a traumas opressivos na infância, com situações de abuso ou negligência emocional. O impacto do trauma sofrido faz com que a pessoa desenvolva uma outra personalidade como uma maneira de lidar com o evento traumático.

O aspecto dissociativo funciona como um mecanismo de defesa e de sobrevivência, pois os episódios traumáticos são dolorosos demais e uma das saídas encontradas por quem sofre do transtorno é justamente desassociando-se desse trauma, dessa parte de si que passou por sofrimento.

De acordo com o Manual MSD, o transtorno dissociativo de identidade tem uma forma de possessão e não possessão:

Possessão: "as identidades geralmente se manifestam como se fossem um agente externo, normalmente um ser ou espírito sobrenatural (mas às vezes outra pessoa), que assumiu o controle da pessoa, fazendo com que a ela fale e aja de uma maneira muito diferente. Nesses casos, as diferentes identidades são muito evidentes (prontamente notadas pelos outros).

Em muitas culturas, estados de possessão semelhantes são parte normal da prática cultural ou espiritual e não são considerados transtorno dissociativo de identidade. A forma de possessão que ocorre no transtorno dissociativo de identidade difere pelo fato de que a identidade alternativa é indesejada e ocorre involuntariamente, causa muita aflição e deficiência e se manifesta em tempos e lugares que violam as normas culturais e/ou religiosas".

Não possessão: "tendem a ser menos evidentes. As pessoas podem sentir uma alteração súbita na forma como veem o self, talvez sentindo como se fossem observadores de sua própria fala, emoções e ações, em vez de o agente. Muitos também têm amnésia dissociativa recorrente".

O TDI tem como sintomas mais comuns associados à memória, pois os pacientes costumam apresentar amnésia dissociativa, tipicamente manifestada com lacunas na memória de eventos pessoais do passado, lapsos na memória confiável recente e descoberta da evidência das coisas que fizeram, mas que não se recordam.

Além disso, outros sinais são comuns, tais como: "ouvir vozes, alucinações visuais, táteis, olfativas e gustativas. Pacientes com transtorno dissociativo de identidade sentem esses sintomas como se viessem de uma identidade alternativa (p. ex., como se uma outra pessoa quisesse chorar com seus próprios olhos). Depressão, ansiedade, abuso de drogas, autolesão, automutilação, crises não epilépticas e comportamento suicida são comuns, assim como disfunção sexual", informa o MSD.

Bipolaridade e Transtorno Dissociativo de Identidade


O que afeta?


Bipolaridade: afeta o humor

TDI: afeta a personalidade

Causas


Bipolaridade: as causas são diversas, de hereditariedade até fatores externos e situações traumáticas.

TDI: ainda não se sabe tudo sobre as causas do TDI, mas hoje sabemos que situações traumáticas são o gatilho para despertar a doença.

Sintomas


Bipolaridade: as pessoas bipolares, embora possuam a fase maníaca, não costumam ouvir vozes ou outros tipos de alucinações.

TDI: aqueles que sofrem com o TDI podem ouvir vozes e sofrer com alucinações.

Apesar dos dois distúrbios serem bem diferentes a única certeza que de igualdade entre eles é que nenhum têm cura e sim tratamento. O recomendado é que o tratamento seja feito assim que o diagnóstico for realizado. A grande dificuldade das doenças mentais é o preconceito de que os transtornos referentes à mente são sinais de loucura ou fraqueza da pessoa que possui.


Assim como o corpo a mente também pode passar por sofrimento e é preciso deixar os preconceitos e não adiar o diagnóstico para não correr o risco de prejudicar não só os outros, mas a si mesmo.


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Fonte: Telavita

Imagem: 123RF