A esquizofrenia não é um transtorno recentemente conhecido, desde o século 19 cientistas buscaram uma denominação na língua grega arcaica para caracterizar um transtorno psiquiátrico que até então era visto como loucura. Desde então, o nome para esse transtorno se deu por meio da junção dos termos esquizo, "dividir" no idioma dos filósofos clássicos, e frenia, algo próximo de "mente".


O distúrbio da mente dividida, ou a esquizofrenia, é caracterizada por surtos que substituem o mundo real por delírios e alucinações. Esse transtorno afeta cerca de 2 milhões de brasileiros, no entanto ainda há o desconhecimento das pessoas a respeito desta doença que afeta 1% da população no planeta. Por isso, é importante saber identificar através da percepção dos sintomas e saber quais são os tratamentos.


Quais são os sintomas


Normalmente, o início da esquizofrenia se manifesta com uma simples apatia entre o final da adolescência e início da vida adulta, na faixa dos 18 aos 30 anos de idade. De maneira devagar, a pessoa vai abandonando as atividades rotineiras e se isolando. A forma de reagir vai ficando entranha e desajustada, ou seja, o indivíduo demonstra os sentimentos diante de fatos tristes ou felizes.


Sem nenhuma razão surge na pessoa a sensação de que algo está errado e que alguém prejudica sua vida. Após isso a inquietação se transforma em fantasias sensoriais e teorias da conspiração, como foi mencionado acima.


Nesse sentido é importante estar atento aos seguintes sinais:


Dificuldades no aprendizado desde a infância

Apatia

Pouca vontade de trabalhar, estudar ou interagir com os outros

Não reagir diante de situações felizes ou tristes

Vozes que surgem na cabeça e outras alterações nos órgãos dos sentidos

Mania de perseguição inexplicável


Quais são as causas da esquizofrenia e como diagnosticar?


Apesar de ser investigado há décadas a causa do transtorno ainda possui muitos mistérios. Ainda há dúvidas como, por exemplo, o que acontece no cérebro das pessoas que possuem esquizofrenia.


De acordo com o psiquiatra, Ary Gadelha de Alencar, da Universidade Federal de São Paulo, estudos mostram que acontece algum defeito na produção ou na ação de um neurotransmissor denominado dopamina.


Na tentativa de uma explicação especifica para a doença, alguns estudos buscaram encontrar algo no DNA dos pacientes possíveis mutações genéticas. Entretanto, não encontraram nada significativo. Alguns levantamentos mostraram uma relação entre infecções ao longo da gestação ou traumas no parto a um maior risco de desenvolver a esquizofrenia. Mas nenhum desses achados é considerado decisivo na gênese do problema.


A falta de informação mais especifica acerca da doença é uma das causas que contribuem para o atraso no diagnóstico da esquizofrenia. Há uma demora de sete anos entre os primeiros sinais e a detecção do transtorno", calcula o psiquiatra Wagner Gattaz, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq-HC).

Descobrir o diagnóstico da doença de forma precoce garante um tratamento mais efetivo e com um prognóstico bom ao longo do tempo. Entretanto, a realidade em grande parte dos casos não é assim. Por isso, é preciso ficar atento a alguns aspectos, como uma súbita perda de vontade ou então uma grande mania de perseguição, principalmente em pessoas jovens, a melhor opção é procurar ajuda de um profissional especializado, caso perceba que será necessário.


Tratamento


Para controlar a paranoia há remédios disponíveis desde 1970 e se desenvolveram muito dessa época para cá. Os medicamentos chamados de antipsicóticos do passado provocavam diversos efeitos colaterais. "Como mexem com a dopamina, esses fármacos estão relacionados a manifestações típicas do Parkinson, como tremor involuntário e rigidez muscular", esclarece a geriatra Maira Tonidandel Barbosa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).


Atualmente, os medicamentos são conhecidos genericamente de segunda geração, e os efeitos colaterais graves são menores. Isso porque o remédio intervém em outras substâncias da química cerebral, como é o caso da serotonina, o que pode trazer uma proteção neural maior. Nesse sentido, é recomendado optar por essas opções mais atuais durante as primeiras incursões terapêuticas.


Se o uso dos medicamentos de segunda geração não for eficaz, o médico geralmente passa a usar as drogas antigas, também chamadas de primeira geração. Caso esse medicamento também não funcione, a outra alternativa é a clozapina, medicamento considerado pioneiro na área da esquizofrenia. No entanto, o uso da droga pode afetar os glóbulos brancos, o protocolo de uso exige que exames de sangue sejam feitos toda semana para checar se está tudo normal.


A novidade em relação a esquizofrenia são as injeções de longa ação. Elas possuem os mesmos princípios ativos dos comprimidos, pois, foram usados durante muito tempo como única opção disponível nas farmácias. Uma simples injeção contém uma dose suficiente para duas semanas ou até mesmo um mês, dependendo do tipo e da fabricação.


Em outros países, já existe a versão aprovada desses medicamentos que funcionam por 90 dias. Além deste, há outra opção que se encontra na última fase de testes antes da liberação, no qual, permanece no organismo por um semestre. Apesar de várias pessoas não gostarem de receberem as picadas das injeções, ter a confirmação de que o paciente teve a aplicação do remédio e está medicado por um período mais prolongado garante que o mesmo não desista do tratamento e nem sofra com futuras recaídas.


Além disso, um estudo assinado por especialistas do Instituto Karolinska, na Suécia, com apoio do laboratório Janssen, reuniu informações de 29 mil esquizofrênicos e constataram que os fármacos injetáveis diminuem a mortalidade em 33% comparado com os comprimidos tomados diariamente. "Seguir a terapia à risca ajuda a estabilizar o quadro e permite cuidar melhor de outros parâmetros de saúde, prevenindo a obesidade e as doenças cardiovasculares", afirma o psiquiatra o psiquiatra Wagner Gattaz.


Em casos mais complexos em que o uso da pílula ou injeções não sejam suficientes para equilibrar o cérebro, há ainda a eletroconvulsoterapia, na qual, envolve a aplicação de correntes elétricas em determinadas regiões da cabeça. A evolução desse método fez com que os diversos choques, procedimento adotado no passado, mudassem. Hoje em dia o tratamento é seguro, fica restrito algumas partes do crânio e produz muito menos traumas no paciente.


Outra técnica ainda estudada em algumas universidades é o uso da estimulação transcraniana, um aparelho emissor de ondas magnéticas que traria um resultado parecido. Porém, ainda faltam evidências para comprovar que o estudo é realmente pertinente. Sendo assim, deve demorar alguns não para que esse procedimento seja efetivado.


Os ajustes da psicologia no estilo de vida


Fazer terapias com psicólogos é fundamental para o controle e a recuperação da esquizofrenia. As sessões com terapia cognitiva comportamental são recomendadas para compreender as emoções, ponderar os pensamentos e, sobretudo, identificar quais são os gatilhos que desencadeiam os surtos no paciente.


De acordo com o psiquiatra Helio Elkis, coordenador do Programa de Esquizofrenia do IPq-HC, o uso de bebidas alcoólicas e de drogas são os fatores principais para proporcionar os episódios de paranoia.


Vale esclarecer também que o raciocínio de quem tem esquizofrenia não funciona de maneira totalmente eficaz. Apresenta perda de memória e baixa concentração, o que torna mais difícil a realização de tarefas ou o aprendizado de novas informações.


A psicóloga inglesa Til Wykes, do King’s College de Londres, criou um programa de computador que mira justamente essas funções prejudicadas. Ela compartilhou os resultados inéditos de seu experimento no Brain 2018. "Vimos melhoras não só nas habilidades cognitivas, mas nos próprios sintomas", comenta. Além dos treinamentos mentais regulares, a atividade física também é indicada por estimular a liberação de neurotransmissores benéficos.


É importante ressaltar que a esquizofrenia pode aparecer no indivíduo no momento em que o mesmo entra na universidade ou no mercado de trabalho, sendo assim, cabe a sociedade respeitar a vida de quem passa por esse transtorno. Além do mais, se o distúrbio estiver sendo tratado e controlado é possível ter uma vida praticamente normal e o ambiente social pode contribuir para que a mente, até então dividida, volte a ser uma só.


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Fonte: Veja Saúde

Imagem: Envato Elements