Este mês é chamado de setembro amarelo, aqui no Brasil, devido a campanha de prevenção ao suicídio, mas, sabemos que as mortes por esta causa, infelizmente, acontecem em todos os meses durante todo ano. Por isso, é importante entender quais são os fatores que levam a pessoa a querer tirar sua própria vida, e saber quais são as formas de ajudar e evitar a morte de quem não está conseguindo ter uma razão para viver.


De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio e em cada uma delas houve várias tentativas. O suicídio também é a principal causa de morte no mundo, sendo 11,4 óbitos para cada 100 mil habitantes. Esses dados mostram o quanto é necessário falar sobre o assunto para que mortes sejam evitadas em todo o mundo.


Não é fácil explicar qual é o motivo, no qual, a pessoa tirou sua própria vida enquanto há outras que passam por sérios problemas e não fazem o mesmo. Mas, a maioria dos suicidas fala ou dá alguns sinais sobre suas ideias de morte e abordar o assunto não o risco. Ao contrário do que muitos pensam, falar com alguém sobre suicídio pode até aliviar a angustia e a tensão que os pensamentos sobre o assunto trazem.


Vale ressaltar também que o suicídio em si não se trata de uma doença ou uma manifestação de uma doença, porém, certos transtornos mentais constituem-se em um fator associado ao suicídio. Por isso, em casos de doenças psiquiátricas o diagnóstico e o tratamento são as principais medidas para evitar esta causa de morte. Além disso, é importante romper tabus sobre o sofrimento mental e perceber que o tratamento adequado é algo relevante na vida das pessoas que precisam desse apoio.


Mitos


Quem ameaça se matar e não se mata, só quer chamar a atenção

Mito! A maioria das pessoas que se matam dão sinais antes: mudam de comportamento e falam a respeito para amigos ou profissionais de saúde.

Falar sobre suicídio só incentiva a pessoa a tirar a própria vida


Mito! Conversar abertamente sobre o suicídio ajuda a preveni-lo porque alivia a angustia e o desespero.


Quem quer se matar vai se matar

Mito! Na verdade, essas pessoas costumam ser incertas sobre viver e morrer. Um exemplo disso são as pessoas que tomam veneno e em seguida se arrependem. É por isso que é tão importante o apoio emocional.


As pessoas que sobrevivem a uma tentativa de suicídio estão fora de perigo


Mito! Um dos momentos mais críticos é o período em que a pessoa está se recuperando da crise que motivo a tentativa, ou quando ainda está no hospital.


Principais fatores de risco ligado ao comportamento suicida


Depressão;


Transtorno Bipolar;


Transtornos mentais relacionado ao uso de drogas, álcool e outras substâncias;


Perdas Recentes;


Isolamento Social;

Gênero Masculino;

Idade entre 15 e 30 anos e acima de 65 anos;

Pouca resiliência;

Ter tentado suicídio, ter familiares que tentaram ou se suicidaram, ter ideias e/ou planos de suicídio.


Como prevenir?


As pessoas que lidam com o sofrimento mental precisam de acompanhamento médico e apoio de toda a família e amigos. Sendo assim, reconhecer comportamentos suicidas é uma das maneiras de prevenção:


Isolamento


Quem possui pensamentos suicidas podem demonstrar isolamento social e falta de ânimo para desenvolver ou participar de atividades que antes achavam prazerosas. O abandono do trabalho, dos estudos e dos hobbys pode sinalizar desinteresse pela vida.

Frases de alarme


Diante de situações em que a pessoa manifesta o desejo de morrer, não ignore. Frases como "Não quero mais viver", "não aguento mais", "eu queria sumir", "minha vida não vale nada" e "eu quero morrer" podem indicar que a pessoa está passando por intenso sofrimento.

Uso de álcool e drogas


Por não enxergarem mais sentido na vida, pessoas com tendências suicidas passam a agir de maneira irresponsável. Há inúmeras pesquisam que associam os casos de suicídios à depressão e outros transtornos de humor ligados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas e uso desmedido de remédios e drogas. Além disso, o uso de substâncias psicoativas, associado a transtornos mentais, pode resultar em uma atitude suicida.


Humor imprevisível


As mudanças repentinas de humor são comuns em casos de tentativa de suicídio. A pessoa que até então estava deprimida pode ficar subitamente alegre, apresentando uma melhora que despreocupa os familiares e amigos, e isso abre espaço para que a pessoa volte a ficar sozinha.


Interesse em assuntos pendentes


Muitas pessoas que planejam tirar sua própria vida costumam tentar encerrar assuntos que estão pendentes. Pagam dívidas, visitam familiares que não veem há bastante tempo e doam objetos pessoais. Outras pessoas também escrevem para familiares e amigos um testamento ou uma carta de despedida. Localizar estes testemunhos antes da tentativa de suicídio é importante para que os mais próximos ajudem a evitar que isso aconteça.

Como ajudar?


Mostre a pessoa que você se importa


Faça com que a pessoa perceba que não está sozinha. Ofereça ajuda, mas, sem julgar ou ficar dando conselhos, diga: "estou preocupado com você. Quer conversar? O que posso fazer para te ajudar? ". Esteja disposta (o) a ouvir tudo que a outra pessoa tem a dizer. Mantenha contato visual, preste atenção e responda sempre em tom gentil.


Não compare sofrimentos


Não fique falando sobre seus problemas para a pessoa que está passando por conflitos emocionais e pensamentos suicidas. Ficar comparando o sofrimento e exigir que a pessoa se sinta alegre por ter menos problemas do que outras não é uma boa opção. Cada um enfrenta seus sentimentos de forma particular.


Não tenha medo de tocar no assunto


Pergunte a pessoa se ela cogita se matar. Caso a resposta seja "sim", não entre em pânico. Como foi dito acima, compartilhar pensamentos suicidas pode aliviar a sensação de isolamento. Faça uso da empatia, mostre que você preza pelo bem-estar da pessoa, pois, isso pode contribuir muito para que essa fase seja superada.


Evite frases clichês e comentários desnecessários


Escolha uma boa maneira de conduzir a conversa. Use um tom respeitoso e carinhoso. Evite ficar falando frases clichês como "amanhã é outro dia", "vai ficar tudo bem" e "não se preocupe, tudo vai melhorar". Comentários assim não possuem efeito positivo para quem pensa em se suicidar. Lembre-se de que a pessoa pode não ver mais sentido na vida, então dizer isso não vai ajudar.

Outros comentários como "as coisas não parecem tão ruins" ou "eu já passei por isso e venci", por exemplo, também não contribui em nada. Mesmo que não seja de forma intencional, frases assim podem soar desrespeitosas e insensíveis, piorando o quadro ao invés de ajudar.


Apoio profissional


Antes de tudo é importante esclarecer para a pessoa que ela não precisa se sentir culpada ou ter vergonha de estar naquela situação. Problemas emocionais podem ser tratados. Lembre a pessoa que há outras preocupadas com o seu quadro e que ela pode contar com todas elas, mas, que também é importante procurar ajuda de um profissional, como um psicólogo ou psiquiatra. Ter esse acompanhamento profissional é fundamental para que a pessoa perceba que há saída para a situação que não seja o suicídio.


É importante lembrar também que existe centrais de atendimentos, como por exemplo, o Centro de Valorização da Vida. Basta ligar no número 141, a central se encontra disponível 24 horas por dia.


Se você atua na área de psicologia sabe que muitas pessoas começam a ter pensamentos suicidas após perderem algum ente querido. Dessa forma se você deseja aprender lidar melhor com essas situações e melhorar seu atendimento, faça sua especialização em Cuidados Interpessoais em Situações de Morte, Perdas e Luto no Instituto Monte Pascoal. Se torne um especialista e faça a diferença no atendimento psicológico.



Fonte: Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Boavontade.com

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