Pode até parecer que não, mas, muitas mulheres sentem fascínio e se apaixonam por psicopatas. Um exemplo de serial killer que atraiu muitas fãs foi Ted Bundy, que até chegou a se casar com Carole Ann Boone, uma de suas admiradoras, e teve uma filha com ela. Charles Manson, um assassino em série, também recebeu diversas cartas e visitas de fãs que declaravam seu amor e admiração. No entanto, este fenômeno não é algo novo e a psicologia tem uma explicação para isso.

Os exemplos de psicopatas dados acima são de homens estadunidenses, mas, não distante daqui o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, goiano e claro, brasileiro foi um dos assassinos em série, no qual, confessou em depoimento ter matado 39 pessoas sendo em sua maioria mulheres. Tiago também recebeu diversas mensagens de carinho e pedido de visitas de fãs. Após ser preso ele se envolveu com detenta suspeita de latrocínio e condenada por roubo e quis se casar com ela, mas, teve o pedido negado pela Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP).


O fato de haver mulheres que se apaixonam por homens criminosos e psicopatas não é algo casual ou isolado. Na realidade existe um complexo emaranhado psicológico por trás destas dinâmicas que revelam aspectos surpreendentes e interessantes ao mesmo tempo. Por exemplo, sabe-se que as mulheres que mais costumam se sentir atraídas por psicopatas são aquelas com maior independência e personalidade forte. Muitas delas estão firmemente convencidas de que seu amor pode redimir a maldade do psicopata.

Ao invés de interpretar esse fascínio das mulheres com rejeição ou dizer que elas são loucas e anormais, é preciso aprofundar um pouco mais no singular universo que há por trás das mulheres que amam psicopatas. Para isso, o psicólogo neozelandês, John Money, especializado em sexologia foi responsável por descrever o termo hibristofilia, nos anos 50.


A hibristofilia


John Money, definiu o conceito hibristofilia como a atração por manter relações sexuais com pessoas perigosas. Além dele, outros psicólogos como Mark Griffiths, professor de psicologia da Universidade de Nottingham Trent, no Reino Unido, ressaltam que este termo abrange mais características.


As mulheres que amam psicopatas exibem uma clara atração sexual por homens considerados "perigosos". A maldade atrai e adiciona um componente no qual o risco atua como um fator estimulante. Outro fator considerado é o afetivo e a convicção de que o amor que elas dão pode resgatar (ou transformar) o psicopata.

Diversas pessoas podem até pensar que se trata de mulheres com baixa autoestima ou que elas possuem uma personalidade insegura ou valores fracos. Porém, essas concepções não vão de encontro com as pesquisas realizadas pela Dra. Sandra L. Brown quando escreveu seu livro As Mulheres que Amam Psicopatas.


A autora do livro entrevistou e fez um acompanhamento completo de mulheres que haviam mantido ou mantinham relações com homens de personalidade psicopata. Algo comprovado com a pesquisa é que qualquer mulher independente da sua idade ou status, pode se apaixonar por um psicopata. No entanto, era comum que muitas delas fossem mulheres fortes e independentes.

Outro ponto é que os psicopatas se sentem mais atraídos pelo perfil de mulheres fortes por elas serem firmes em sua convicção de que os amam e por manter o relacionamento a todo custo, independente das circunstâncias que passam ao lado deles. Muitas parceiras de psicopatas defendem ferozmente o relacionamento e chegam até a ser cumplices como é o caso de mulheres que mataram por Charles Manson.


O componente sexual hibristofilia também está presente. Essa atração pela "obscuridade" do psicopata é perceptível. Também existe a ideia de que elas, com seu afeto, oferecem benefícios a eles. Além disso, Dra. Brown, aponta que 30% das mulheres que se apaixonam por psicopatas já possuem um histórico prévio como vítimas de abusos e de relacionamentos violentos. Ou seja, uma boa parte delas possui uma tendência a repetir o mesmo padrão afetivo.

Os meios de comunicação e a fascinação por psicopatas


É inegável que pessoas narcisistas, psicopatas e maquiavélicos possuem um certo poder de atração. Da mesma forma, a maldade, em termos gerais, suscita um interesse muitas vezes contraditório. É uma realidade que vai contra os princípios de modo geral, contra a natureza humana, e talvez por isso, queremos saber ou compreender como é possível isso acontecer no dia a dia.

Os meios de comunicação não são alheios a esse interesse. Por isso, programas que mostram o lado humano das atrocidades de pessoas psicopatas têm boa audiência. Séries como You, Dexter e Breaking Bad utilizaram este componente para demonstrar que o lado obscuro do ser humano gera audiência e expectativa.

Além do aspecto curioso de saber como pode ser a vida de um psicopata mesmo que de forma fictícia, há também na vida real a questão afetiva na qual o fenômeno das mulheres que amam psicopatas não deixa de se repetir década após década. Por mais inconcebível que seja um crime, ou quão sanguinários sejam os fatos, essa realidade sempre aparece. Por isso, é importante pensar pelo lado racional, ter consciência e ir além das aparências.

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Fonte: A mente é maravilhosa, Correio Braziliense e G1

Imagem: Correio Braziliense