Vivenciar a morte de outra pessoa nem sempre é motivo de compreensão ou entendimento por parte da família e dos entes queridos. Até porque o luto possui várias fases que em muitos casos são passados com sentimentos de angustia e tristeza. Mas, para além disso, existem várias formas de lidar com a morte que envolvem desde a tradição religiosa a culturas de que cada localidade do mundo. Confira como acontecem as celebrações fúnebres e tire suas dúvidas.


África


Algumas religiões presentes no continente africano possuem a concepção de que a vida não termina com a morte da pessoa. A crença é que a vida continua só que em outro plano. Seus conceitos de vida e morte não são bem exclusivos e também não há linhas de divisão claras entre eles.


Em certas tradições da África, a jornada para o mundo dos mortos tem muitas interrupções, dessa forma se os ritos funerários não forem realizados de maneira correta, a pessoa morta pode voltar a incomodar os parentes vivos.


Sendo assim, um dos costumes é retirar o cadáver através de um buraco na parede e não por meio da porta da casa. Após isso, o caminho feito até o cemitério é em zigue-zague. Tudo isso serve para tornar mais difícil para o (a) falecido (a) lembrar qual é o caminho de volta para os vivos. Além disso, depois de todo esse ritual o buraco feito na parede é fechado imediatamente.

Nova Orleans


Para quem espera celebrar a morte de alguém ao som de muito jazz, pode contar com o funeral considerado típico em Nova Orleans, Louisiana. Por lá, acontece um desfile funerário com muito barulho e jazz. Um dos motivos para esse ritual é o fato das tradições africanas, francesas e afro-americanas estarem misturadas, fazendo com que os funerais tenham um equilíbrio único entre alegria e tristeza.

Durante o momento fúnebre, os familiares da pessoa falecida são conduzidos por uma banda, que no início toca músicas tristes, mas depois que o corpo está enterrado eles mudam para uma versão mais otimista, com muita música e dança.


Mongólia e Tibete


Nesses dois lugares do mundo há a religião budista que influencia na maneira como acontece os funerais. Como na Mongólia e no Tibete possui muitos budistas Vajrayana, eles acreditam na continuação dos espíritos após a morte. Na visão dos religiosos a alma continua, enquanto o corpo se torna um vaso vazio.

Nesse sentido, para devolver o cadáver para a terra, o corpo é cortado em pedaços e levado para uma montanha. O intuito é deixa-lo desprotegido por lá para que assim possa se fundir aos elementos da natureza.


Vale ressaltar também que essa é uma prática realizada há milhares de anos e cerca de 80% dos tibetanos ainda a escolhem.

Coreia do Sul


Com a redução do espaço nos cemitérios da Coreia do Sul, o ato de cremar o corpo tornou-se algo bastante popular, mas, nem todas as famílias optam por manter as cinzas da pessoa falecida.


Diferente de armazenar as cinzas do ente querido que foi cremado em uma urna, a família prefere transformar esses restos em pérolas brilhantes. Certamente, isso não é uma tarefa fácil, mas, diversas empresas fazem esse procedimento. A produção das pérolas pode até mesmo ser feita em cores diferentes como o azul, verdem rosa e preto. O custo para essa elaboração gira em torno de 3 mil reais.


Bali


Em Bali, ilha localizada na Indonésia, a tradição é que a cremação seja realizada para liberar a alma para que ela seja livre para habitar um novo corpo. O fato de fazer isso ao falecido é considerado um dever sagrado entre as pessoas.


Geralmente, a pessoa que faleceu é enterrada logo após a morte. Somente após a cerimônia de cremação ser decidida é que o morto é novamente removido da sepultura. Daí em diante, a cerimônia de cremação dura três dias de festa. O primeiro é usado para purificar o cadáver da cabeça aos pés com água benta. O segundo para elaborar as ofertas, e o terceiro é a incineração. O corpo é então colocado em uma torre funerária, que pode ter até 12 metros de altura, dependendo da riqueza da família e de sua casta.

Gana


Em Gana, situada dentro da África Ocidental, a crença é de que a morte é o início de uma nova vida, e por isso o falecido deve receber um ritual feliz e entusiasmado. Nessa recente tradição de Gana, as pessoas aspiram a serem enterradas em caixões personalizados, que podem representar seu trabalho ou algo que amaram na vida.

México


Diferente da celebração do dia de finados aqui no Brasil, 2 de novembro, no México os dias 1 e 2 de novembro servem para que os mortos tenham a permissão divina para voltar e visitar parentes e amigos vivos. Na crença mexicana, as pessoas que perderam algum ente querido enfeitam suas casas com flores, velas e incensos, preparam as comidas preferidas do falecido, usam máscaras de caveira, vestem roupas pintadas de esqueleto ou fantasias de morte para assim receberem os parentes que já morreram.

Outro detalhe, é que as festas contidas no Dia dos Mortos começam a partir do dia 31 de novembro, juntamente com o Dia das Bruxas ou Halloween.


China


As formas de providenciar o enterro e as tradições de luto na China dependem de certas situações, como por exemplo, a idade do falecido, a causa da morte, o status de relacionamento e o status social de quem morreu. Os rituais também podem ter alterações de acordo com a região do país, além disso, muitos chineses seguem as tradições de religiões ou crenças específicas, como o budismo e cristianismo.

O costume é que a cerimônia do funeral dure sete dias, e os enlutados usem roupas conforme o relacionamento que tinham com quem faleceu. Os filhos e filhas da pessoa que morreu usam roupas em preto e/ou branco, e caminham na frente da procissão para o cemitério. Netos e netas usam azul. O uso da cor branca simbolicamente lembra a morte, enquanto o vermelho está mais relacionado a momentos felizes, como casamentos. O número três é bastante significativo na cultura chinesa, e é costume que as pessoas façam três vezes um mesmo gesto.

O anúncio do falecimento é feito em forma de convites, enviados aos parentes e amigos. Os convites são geralmente brancos, mas se a pessoa tiver mais de 80 anos, podem vir em rosa. Viver mais de 80 anos é considerado uma característica digna de celebração, e os enlutados celebram mais a longevidade da pessoa do que o falecimento.

Islã


No Islã a religião que mais predomina é a mulçumana e dessa forma, o momento do luto não deve ter alteração da voz de lamentação, mas que seja vivenciado com equilíbrio e discrição. Sendo assim, ao receber os pêsames dos amigos e familiares, o enlutado comporta-se pacientemente e espera que Deus o console. Em respeito a pessoa falecida, é importante que os preparativos para o funeral e para a amortalha sejam feitos rapidamente.

Na religião islâmica um dos deveres é a oração do funeral, sendo uma obrigação coletiva. Se for executado por um muçulmano, as outras pessoas estão isentas. Geralmente, a pessoa em vida escolhe quem irá orar sobre seu corpo durante o funeral. Depois dessa pessoa escolhida em vida pelo falecido, a sequência segue por preferência ou pela própria ordem, começando pelo dirigente ou delegado, pai da pessoa falecida, avô ou bisavô, filho do falecido, neto ou bisneto e os parentes mais íntimos.

Da mesma forma que em outras religiões os jazigos islâmicos não recebem muitos ornamentos. Todos os muçulmanos são enterrados de maneira igual, com simplicidade e sem diferenciações. É possível colocar flores sobre as sepulturas. Nos dias seguintes ao funeral, os familiares fazem leituras do Alcorão em casas e mesquitas, em reuniões discretas, além de realizarem doações a comunidades carentes.

Judeus


Na religião judaica existe um ritual chamado Keriá em que é feito um rasgo na roupa de quem está de luto, sendo um sinal tradicional desde os tempos bíblicos, conforme informações da Associação Religiosa Israelita Chevra Kadisha, no Rio de Janeiro. Esse ritual seria uma forma de descarregar a dor e a angústia com a perda do familiar ou amigo.


Além desse costume, as pessoas que acompanham o caixão fazem rápidas paradas antes de chegar ao túmulo. Essas paradas, simbolicamente, demonstrariam a relutância dos parentes em se separarem do falecido. O enterro também é feito sem enfeites, flores ou ornamentos no caixão, respeitando o falecido pela simplicidade. Os judeus não cultuam os mortos, mas diante da morte reafirmam a vida, e traduzem a memória em ação.

Os enlutados judaicos passam 7 dias após o enterro em casa, sem realizar nenhuma atividade profissional ou de lazer. Nesses dias, chamado de shivá, os parentes e amigos visitam três vezes por dia, pela manhã, tarde e à noite, e realizam serviços religiosos.

Cristianismo


Na religião cristã, predominante no Brasil e em outros países, o luto é relembrado e celebrado no chamado Dia de Finados, 2 de novembro, data dedicada à orações e homenagens a quem já partiu. As maneiras de homenagear a pessoa falecida acontece de diversas formas, como a decoração dos túmulos com flores, queima de velas e orações. Essas são as demonstrações de carinho e respeito mais comuns neste dia, segundo informações do Crematório Vaticano.

Apesar de não ser muito lembrado, o dia 1 de novembro também celebra o Dia de Todos os Santos, considerado uma data importante para os católicos. É neste dia que se celebra a honra de todos os santos e todos os mártires, sejam eles conhecidos ou não.

Além de remeter a lembrança do falecido, o Dia de Finados é considerado pelos cristãos como um momento importante para aprender com as perdas e as situações da vida, afim de proporcionar crescimento e encontrar respostas para valorizar a vida propriamente dita.

Deu para perceber que cada país e religião do mundo possui maneiras distintas de passar pelo momento de luto, mas, nem todas as pessoas possuem o discernimento para enfrentar a morte de uma pessoa querida, e acabam lidando com a situação de maneira bastante complicada. É por isso que existem estudos como a Tanatologia para compreender a morte e ajudar outras pessoas a passar por esse processo muitas vezes doloroso.


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Fonte: Hiper Cultura e Gazeta do Povo

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