A tendência das pessoas é rotular quem tem alto estima sempre elevada como narcisista, mas, seu significado não se resume somente a isso. O Manual MSD denomina o Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) como "um padrão generalizado de grandiosidade, necessidade de adulação e falta de empatia". Pessoas narcisistas acreditam que são seres especiais, porém, costumam ser vistos, muitas vezes, como prepotentes e arrogantes. Também possuem um senso de que tudo o que fazem é excepcional, enquanto menosprezam as conquistas dos demais.


Como é típico do indivíduo com narcisismo acreditar que todas as suas ações são maravilhosas, quem possui esse transtorno não lida bem com as dores e frustrações que aparecem em sua vida. E, por essa razão, desenvolvem vícios e compulsões como uma maneira de lidar com esses aspectos negativos.

Nesse sentido, o comportamento narcisista, normalmente, possui as seguintes características: carência por admiração, ausência de empatia e padrão invasivo de grandiosidade. A síndrome de narciso engloba 0,5% da população em geral e é mais comum em homens do que em mulheres.


Sinais que podem identificar um narcisista


Grandiosidade


Se sente superior em comparação com os outros. De acordo com o ponto de vista de um narcisista, todas as suas conquistas e capacidades são superiores. Desta forma, torna inferiores aqueles que o rodeiam. Os narcisistas costumam falar e agir como se fossem as pessoas mais importantes do planeta.

Preocupação com o sucesso e o poder


Quem tem o transtorno de personalidade narcisista, geralmente, possui uma grande preocupação em relação a como alcançar o sucesso nas suas vidas. Isso significa que suas maiores fantasias são obter sucesso e poder ilimitado, um conhecimento brilhante e beleza exuberante.

Crença de ser único


Consideram que são seres únicos, insubstituíveis e sem igual. Isso faz com que só estabeleçam relacionamentos com outras pessoas que demonstram ser especiais. Isso explica por que os narcisistas acreditam que poucos podem compreendê-los ou ter coisas em comum com eles.

Admiração excessiva


Costumam ser pretensiosos e, por isso, exigem ser admirados a todo momento e lugar. Portanto, esperam ser atendidos e admirados por outras pessoas. Procuram constantemente que os outros os tratem de forma especial, sem se preocupar se merecem esse tratamento ou não.

Inveja dos outros


A maioria dos narcisistas tem inveja excessiva das pessoas que são melhores do que eles em certos aspectos. Esta pode ser uma inveja aberta ou encoberta. Além disso, sempre consideram que os outros os invejam pelas suas capacidades e conquistas pessoais.

Falta de empatia


Pessoas com narcisismo não são capazes de ter empatia com outras pessoas. Este transtorno de personalidade faz com que a pessoa seja incapaz de se identificar com os sentimentos e necessidades alheios. Isso faz com que sejam pessoas incapazes de amar, não têm remorso e nenhum tipo de culpa nem arrependimento por suas atitudes negativas.

Se aproveitar de outras pessoas para atingir suas metas pessoais


Narcisistas podem manipular os outros para utilizar seus recursos, ideias, tempo e contatos para alcançar seus próprios objetivos. É por essa razão que todo narcisista é um controlador, que manipula qualquer situação ou pessoa a seu favor sem se importar com quais serão as consequências.

Arrogante e dominante


Todo narcisista é arrogante e dominante com as pessoas que o rodeiam. Para um narcisista, tudo que diz ou faz está correto, e por isso deve ser considerado e aceito sem questionar. Esta atitude faz com que os narcisistas imponham suas ideias sobre os outros.

História do mito Narciso


A mitologia grega traz o caso de Narciso, o que explica um pouco da concepção que temos hoje sobre narcisismo. De acordo com o mito, quando nasceu o filho do deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope, o oráculo Tirésias alertou que a criança de nome Narciso teria uma longa vida, desde que nunca visse seu próprio rosto. Já adulto e dotado de grande beleza, o jovem Narciso despertava amor por onde passava, porém seu orgulho e arrogância afastavam e menosprezavam todos os pretendentes.

Uma das jovens que se apaixonou por Narciso foi a ninfa Eco, que, ao ser desprezada, rogou à deusa Némesis uma lição ao rapaz. Ela condenou Narciso a se apaixonar pelo próprio reflexo na lagoa de Eco e, fascinado pela sua própria beleza, deitou-se no leito do rio e definhou. Outra versão do mito conta que, ao apaixonar-se pela própria imagem, se lançou nas águas em busca desse amor e morreu afogado.

O perfil narcisista segundo Freud


Sigmund Freud introduziu o termo narcisismo no discurso psicanalítico, em 1910, acerca da sexualidade e da homossexualidade. Em uma nota de rodapé acrescida naquele ano aos seus Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, Freud escreveu: "partem de uma base narcísica e procuram um rapaz que se pareça com eles próprios e a quem eles possam amar como eram amados por sua mãe" (FREUD, 1905/1972, p.145-146).

Anos após essa denominação feita por Freud, ele descreve o narcisismo como um estágio comum no desenvolvimento sexual humano. Durante a infância, há uma fase nomeada por Freud de narcisismo primário, que é a fase em que os primeiros desejos libidinosos ocorrem e são satisfeitos pelo indivíduo no próprio corpo.

Já a segunda fase é quando o indivíduo se dá conta de que existem outras fontes de interesse e satisfação. "É dessa forma, pois, que a criança entra no segundo estágio de narcisismo, ao qual Freud denominou de narcisismo do ego ou narcisismo secundário, porque foi retirado dos objetos a partir dos processos de identificação com as figuras parentais ou seus representantes", explica Maria das Graças Araújo, do Círculo Brasileiro de Psicanálise.

O pai da psicanálise, Sigmund Freud, também diz que: "tudo o que uma pessoa possui ou realiza, todo remanescente de sentimento prematuro de onipotência que sua experiência tenha confirmado, ajuda-a a aumentar a sua autoestima" (1914/1974, p.115).

Sendo assim, a autoestima depende de três aspectos principais, segundo o psicanalista: " O primeiro deles é o resíduo mesmo do narcisismo infantil, o segundo decorre das realizações do ideal do ego que corroboram a onipotência infantil, e o terceiro provém da satisfação da libido objetal, ou seja, de relações amorosas satisfatórias", escreveu Maria das Graças.

Narcisismo patológico


Apesar de não ser necessário responder qual é a condição determinante do transtorno, é possível verificar a influência de alguns fatores, como: genéticos, neurobiológicos e do meio ambiente.

Ainda não há muitas pesquisas sobre os fatores genéticos existentes nas causas do transtorno, mas, existe um consenso de que um componente hereditário significativo seja um dos elementos causadores do transtorno de personalidade narcisista. Além disso, dá para verificar em algumas ocasiões uma modificação biológica no indivíduo, que é capaz de dissociar alguns comportamentos e pensamentos realizados pela pessoa narcisista.

O ambiente de desenvolvimento do indivíduo também é fundamental para o transtorno. Nesse sentido, pais que adulam excessivamente os filhos por meio de elogios ou críticas excessivas, podem contribuir para o aparecimento do transtorno. "Alguns pacientes com esse transtorno têm dons ou talentos especiais e tornam-se acostumados a associar sua autoimagem e senso do eu à admiração e estima dos outros", aponta o MSD. No entanto, é preciso saber distinguir o amor próprio do narcisismo.

Tratamento


Embora não tenha medicamentos próprios para tratar o narcisismo, alguns remédios são utilizados para diminuir alguns reflexos que o distúrbio pode estar causando, como no caso da ansiedade e depressão. Mas, em relação ao tratamento psicológico a psicoterapia costuma ser muito indicada, e a abordagem cognitiva-comportamental é uma delas, já que permite a participação ativa do paciente no seu próprio tratamento através de técnicas guiadas pelo psicólogo que transformam o pensamento e, por vez, refletem no comportamento.


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Fonte: Telavita e A mente é maravilhosa

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