A atividade cerebral é desempenhada pelo ser humano a todo instante, basta observar. O fato de ler e compreender o texto, fazer anotações e cálculos, reconhecer uma pessoa, lembrar o nome dela, saber distinguir cada cor, lembrar o caminho de casa, são apenas algumas das diversas funções que o cérebro faz diariamente. Nesse sentido, nossas principais funções cognitivas são a percepção, atenção, memória, linguagem e funções executivas. É por meio da relação entre todas estas funções que entendemos a grande maioria dos comportamentos, desde o mais simples até as situações de maior complexidade, nas quais, exigem atividades cerebrais mais elaboradas.


Atenção


Esta função cognitiva é bem complexa e vários comportamentos dependem de um nível adequado de atenção para serem bem sucedidos, como por exemplo: assistir um filme e compreendê-lo; manter o foco de conversação em um ambiente ruidoso. Outro detalhe é que a atenção também é um pré-requisito fundamental para o processo de memorização.

O conceito de atenção é determinado pela seleção e manutenção de um foco, seja de um estímulo ou informação, entre as inúmeras que obtemos através de nossos sentidos, memórias armazenadas e outros processos cognitivos. De maneira simplificada, dirigimos nossa atenção para o estímulo que julgamos ser importante num exato momento. Os outros estímulos que não são os principais, passam a fazer parte do "fundo" não sendo mais os focos da atenção.

Dessa forma, a atenção pode ser avaliada em diferentes aspectos, tais como:


Atenção seletiva - quando a pessoa escolhe um estímulo em que prestará atenção, por exemplo, ler um livro ao invés de assistir tv, mesmo que a tv esteja ligada e faça ruídos ao fundo;

Atenção dividida - caracteriza-se pela capacidade do indivíduo em prestar atenção em mais de um estímulo ao mesmo tempo, por exemplo, conversar enquanto dirige um veículo, trabalhar no computador enquanto atende ao telefone;

No entanto, a capacidade humana de manter a concentração é restrita, e depende de diversos fatores, desde a falta de vontade ou ânimo por algum assunto, até a dificuldades específicas, como as que são presentes no Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) que interferem na capacidade de atenção seletiva e dividida, ou seja, todos nós temos alguma dificuldade atencional, se isso representa um problema a ser tratado, depende do grau de comprometimento e da quantidade de sintomas.

É importante ressaltar também que, elucidar a natureza dos problemas atencionais, não depende somente da complexa observação do comportamento geral do paciente, mas, do desempenho em testes específicos que envolvam concentração e trilhas mentais. Apenas com a comparação entre as várias observações, pode ser possível a distinção entre os déficits globais e aqueles mais discretos e normais presentes na maioria das pessoas.

Memória


Uma das funções cognitivas mais utilizadas pelo ser humano em seu cotidiano é a memória. Isso porque envolve a capacidade de armazenar informações, lembrar delas e utilizá-las no presente. O bom funcionamento da memória depende inicialmente do nível de atenção. Para que o bom armazenamento aconteça outras atividades cognitivas como a capacidade de percepção e associação é importante para que as informações possam ser armazenadas com sucesso.

A memória pode ser classificada de forma simples, conforme a duração e os tipos de informação envolvidos:

Memória de curto prazo - conhecida como memória de trabalho, armazena de forma limitada, informações por alguns minutos. A memória de trabalho possibilita, por exemplo, uma pessoa discar um número de telefone que alguém acabou de lhe dizer ou repetir algumas frases de um texto lido naquele exato momento.

Memória de longo prazo - diferente da anterior, a memória de longo prazo tem uma capacidade maior para o armazenamento de informações, que permanecem com a pessoa durante longos períodos, podendo até ficar guardadas indefinidamente. Por exemplo, as lembranças de fatos ocorridos na infância, o aprendizado de conteúdos escolares, a fisionomia ou o nome de alguém que não se vê há muitos anos, entre outros.


Além disso, dentro da memória de longo prazo, encontram-se os seguintes tipos:

Memória episódica - fazem parte desse conjunto os eventos vivenciados pela pessoa que os recorda, em um determinado tempo e lugar, por exemplo, uma viagem de férias, o primeiro dia num emprego, o nascimento de um filho, ou até eventos negativos como uma situação de violência. Assim, a memória episódica é constituída por lembranças autobiográficas que representam um significado importante para o indivíduo.

Memória semântica - corresponde ao conhecimento de fatos da vida em geral, como o idioma falado, o significado das palavras, o nome de objetos e que não têm qualquer ligação com as experiências dotadas de algum tipo de emoção, como descrito na memória episódica.

Memória procedural - esse tipo de memória é ligado ao conhecimento de procedimentos corriqueiros e automáticos, por exemplo, lembrar como se toca um instrumento musical, andar de bicicleta, vestir-se, entre outros.

Com o passar da idade, normalmente, a partir dos 50 anos, é comum as pessoas se queixarem de dificuldades de memória, o que traz um certo desconforto ou até mesmo receio de que possa ser o início de um quadro patológico, como o Mal de Alzheimer, no entanto é importante frisar que o declínio da memória com o avanço da idade é completamente normal.


Vale considerar que não é só a idade que provoca prejuízos na capacidade de memória; o estresse emocional, a depressão e problemas de ordem física são outros fatores que contribuem nesta perda. Em contrapartida, existem os fatores que favorecem a memória, como a motivação e as emoções. Quanto maior o interesse em aprender algo, melhor será o armazenamento das informações obtidas nesse processo, assim quanto maior o número de emoções, sejam elas positivas ou negativas, atribuídas a um evento mais chances de a informação permanecer na memória para uma futura recuperação.

Linguagem


É uma função utilizada todos os dias, na maior parte do tempo, seja por meio da linguagem oral em uma conversa, ou da escrita ao ler ou escrever um texto. Este conceito de linguagem é definido pelo uso de um meio organizado de combinar as palavras a fim de se comunicar, embora a comunicação não se constitua unicamente num processo verbal. As formas não-verbais, como gestos ou desenhos também são capazes de transmitir ideias e sentimentos.

A fala assim como a escrita são processos em que o indivíduo seleciona as palavras que conhece e as organiza num determinado contexto, dentro das regras gramaticais de seu idioma. Sendo assim, a linguagem é um processo que ocorre apenas se existir uma sequência coerente de símbolos, ou seja, sons ou palavras. Para que haja uma comunicação satisfatória, a pessoa precisa compreender uma determinada informação para entender a seguinte, e daí por diante até o fim de um texto ou uma conversa.

Mesmo que o indivíduo leia um texto com muita atenção e compreensão, dificilmente as frases serão armazenadas exatamente iguais como aparecem no texto. Apenas as informações mais relevantes, como palavras-chave e as ideias centrais, serão necessárias para a compreensão e armazenamento na memória de longo prazo.

A leitura considerada adequada é aquela que o sujeito organiza as palavras em grupos coerentes, dos quais será extraído um significado geral e associados ao tema principal do texto.

A linguagem também é caracterizada pela sua constate evolução, pois embora as pessoas respeitem os limites de sua estrutura (gramática, ortografia), elas podem produzir novas elocuções a qualquer momento. Basta observar as mudanças ocorridas na escrita de certas palavras há algumas décadas atrás, por exemplo "pharmácia".

Percepção


É uma função cognitiva que se constitui de processos pelos quais o sujeito é capaz de reconhecer, organizar e dar significado a um estímulo vindo do ambiente através dos órgãos sensoriais. Por exemplo, se a pessoa tem seus olhos vendados e lhe oferecem alguns objetos para tatear, ela é capaz de reconhecer por meio das informações armazenadas a textura se é áspero ou macio, duro ou mole, a forma se é quadrado, redondo, grande; e depois nomear o objeto.

Este mesmo processo de reconhecimento ocorre com os outros sentidos como o olfato quando reconhecemos que o cheiro é de fumaça, a gustação ao identificar se algo é doce ou salgado, a audição quando sabemos que o som é do canto de pássaros, ou a visão ao identificar um obstáculo ao dirigir um veículo e desviá-lo.

As chamadas agnosias são os déficits na capacidade de percepção dos estímulos sensoriais, especialmente os relacionados à visão. Apesar do sujeito não ser portador de qualquer tipo de deficiência sensorial, ele não é capaz de reconhecer e identificar o estímulo que lhe é oferecido, normalmente em consequência de lesões cerebrais adquiridas.

Funções executivas


Compreendem um conceito neuropsicológico que se aplica às atividades cognitivas responsáveis pelo planejamento e execução de tarefas. Elas incluem o raciocínio, a lógica, a estratégias, a tomada de decisões e a resolução de problemas. Todos esses processos cognitivos são produzidos diariamente, pois, uma série de problemas desde os mais simples aos mais complexos, ocorrem na vida do ser humano. Assim, independente do grau de complexidade do problema, a pessoa precisa estar apta para analisar a situação, lançar mão de estratégias, e antecipar as consequências de sua decisão.

Nosso dia a dia oferece vários desafios ou simplesmente situações imprevistas que exigem uma boa habilidade para um manejo adequado. Um exemplo disso, é quando descobrimos o melhor caminho para se chegar num determinado local, uma nova função no emprego, aumentamos o orçamento doméstico, ou mesmo durante o desenvolvimento da criança, que a cada momento descobre uma nova possibilidade e vai em busca de uma nova habilidade.

Existem três tipos de resolução de problemas:

Inferente - utilizada quando o indivíduo está diante de uma situação desconhecida e ainda não existem soluções disponíveis. Dessa maneira, é preciso avaliar os elementos que compõem o problema e deduzir, ou seja, inferir qual a melhor estratégia para superar aquele problema, ou pelo menos minimizar seus efeitos. Essa atitude costuma ser muito utilizada na medicina quando se tem um determinado quadro patológico desconhecido.

Analógica - é o uso de recursos anteriormente utilizados em situações semelhantes.

Automática - é o tipo que se caracteriza pela espontaneidade. Ocorre principalmente se a pessoa que o utiliza tem bastante prática no problema, por exemplo, um motorista experiente.

A função do neuropsicólogo


O Neuropsicólogo atua no contexto das funções executivas, que envolvem as dificuldades de aprendizagem e as suas relações entre o sistema nervoso central, o funcionamento cognitivo e o comportamento. Mas não para por aí, este profissional também lida com as ações básicas que abarcam o diagnóstico e as intervenções clínicas, direcionadas para vários quadros patológicos que prejudicam o sistema nervoso central.


É por meio da avaliação neuropsicológica que o neuropsicólogo investigará a relevância das alterações cognitivas, que pode estar relacionada com lesão ou disfunção cerebral, permitindo uma análise quantitativa e qualitativa do funcionamento cerebral e das funções executivas.

Esta área é indicada também nos casos onde haja dúvidas com relação a dificuldades cognitivas ou comportamentais de origem neurológica, problemas de desenvolvimento infantil, transtornos psiquiátricos e alterações de conduta.

A importância do diagnóstico neuropsicológico


O diagnóstico realizado pelo neuropsicólogo tem como objetivo fornecer respostas com respeito à origem e natureza das doenças relacionadas ao cérebro, auxiliando os profissionais da pedagogia, psicopedagogia e psicologia, direcionarem a dificuldade de aprendizagem do aluno e / ou paciente com mais assertividade e precisão, ao estabelecer quais recursos cognitivos disponíveis dos indivíduos e quais são os seus desempenhos que devem ser reforçados ou supridos por outro.


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Fonte: psicologiaviva.com.br/neuropsicologia-da-aprendizagem-e-memoria/" target="_blank">psicologia viva e Plenamente

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