Hoje, dia 21de março, marca o Dia Internacional da Síndrome de Down. Esta data comemorativa foi criada pela Síndrome de Down Internacional (Down Syndrome International) e seu reconhecimento oficial pela Organização das Nações Unidas (ONU), foi proposto pelo Brasil. A intenção é que as pessoas com síndrome de Down e aquelas que vivem e trabalham com elas em todo o mundo organizem e participem de atividades e eventos para aumentar a conscientização pública e criar uma voz global única para defender os direitos, inclusão e bem-estar das pessoas com síndrome de Down. E neste contexto entra também a importância do atendimento psicológico para as pessoas com síndrome de Down.


Para se ter uma noção, no Brasil cerca de 1 a cada 700 recém-nascidos possuem síndrome de Down, sendo uma das condições mais comuns geradas por uma anormalidade cromossômica. A pessoa nasce com esta síndrome porque o par de cromossomo 21 possui um cromossomo a mais, subindo o número para 47, no qual, regularmente possui 46 cromossomos formados por 23 pares. É por isso que a condição também é conhecida por trissomia do cromossomo 21.

Vale ressaltar também que a pessoa com a Síndrome de Down tende a possuir algumas características físicas e mentais marcantes, como: baixa estatura; olhos mais puxados; dedos dos pés afastados; comunicação mais simples; necessidade de orientação dinâmica para a aprendizagem. No entanto, essas características não devem ser levadas como traços específicos, pois, embora sejam comuns não estão presentes em todos os casos.

Dessa forma, a partir do momento em que a família descobre que a criança tem Síndrome de Down, é fundamental que ela tenha acesso ao máximo de informações e orientações, o quanto antes, melhor. Além disso, o acesso ao atendimento psicológico tem o papel de orientar e acompanhar a pessoa no seu desenvolvimento emocional, auxiliando o paciente a entender suas emoções e sentimentos, em busca de uma saúde mental saudável. O psicólogo ainda pode orientar e acompanhar em todo o seu desenvolvimento, junto de outros profissionais. Ajudando também a família nesse processo.

Como o psicólogo pode auxiliar uma pessoa com síndrome de Down?


O profissional da psicologia pode ajudar tanto a pessoa com síndrome de Down quanto seus familiares de diversas formas e, apesar de não necessitar de uma abordagem da psicologia específica para isso, mas o profissional precisa estar preparado para atender às necessidades, tanto da pessoa quanto de seus familiares.

No ambiente familiar


O acompanhamento de um psicólogo ou psicóloga é importante até mesmo antes do nascimento da criança com síndrome de Down. Com isso, entre os diversos objetivos da terapia como intervenção com os pais, é possível destacar:

Identificar e treinar habilidades com os pais sobre como lidar com este novo momento;

Trabalhar o emocional da família, pois, com informações corretas é possível lidar melhor com qualquer sentimento negativo que possa surgir;

Esclarecer o porquê é importante criar regras de convivência e limites em casa;

Trabalhar com a família o desenvolvimento da autonomia da criança, para que ela realize, com responsabilidade, compromissos e atividades em casa.

No ambiente escolar


Quando se trata de inclusão escolar, isso significa que é a forma do espaço se adaptar para as necessidades da pessoa com deficiência, e não o contrário.


A partir do momento em que a criança com Síndrome de Down já pode frequentar a escola, é muito importante que o psicólogo também esteja presente. O profissional da psicologia deve auxiliar os pais, mas também acompanhar o desenvolvimento da criança dentro do espaço escolar, tanto na aprendizagem como no convívio social com as outras crianças.

Neste espaço, o psicólogo ou psicóloga pode trabalhar, junto da professora e dos alunos, um ambiente acolhedor para este estudante, no qual deve ter o seu desenvolvimento de acordo com a sua possibilidade de aprendizagem respeitado.

No ambiente corporativo


Conhecida como Lei de Cotas, o regulamento estabelece que várias empresas realizem a contratação de Pessoas com Deficiência (PcD) como responsabilidade social, entretanto, apenas isso não é suficiente, é necessário colocar a inclusão em prática.

Para isso, devem ser observados alguns fatores como planos de carreira bem definidos, possibilidade de crescimento e desenvolvimento de novas habilidades. Sendo assim, o psicólogo irá auxiliar a realização do processo seletivo de forma adequada conforme as capacidades da pessoa com Síndrome de Down, e também em muitos outros pontos que envolvam a inclusão, tais como:

- Preparar a equipe colaborativa para receber o novo funcionário de forma respeitosa, incentivando que ele participe de todos os eventos e atividades da empresa, além de frequentar um ambiente acolhedor para realizar suas funções;

- Prepará-lo com novas capacitações e treinamentos que são importantes para a sua qualificação profissional;

- Promover ações na empresa que aproximem os familiares dos empregados com a pessoa com Síndrome de Down, para se familiarizar ainda mais com o ambiente;

- Acompanhar o colaborador em seu processo de evolução no trabalho, oferecendo feedbacks adequados que possibilitem o aprendizado de novas funções e cargos mais altos com o passar do tempo.

Como pessoa


Como foi dito anteriormente não há abordagem psicológica certa, porém, o psicólogo estando em momento exclusivo com a pessoa com Síndrome de Down pode ajudá-lo com o seu desenvolvimento emocional e comportamental do paciente.


Através da terapia, a pessoa irá compreender mais sobre seu jeito de ser, expandindo o autoconhecimento, que é um fator muito importante para ela se adaptar em diversas situações do dia a dia.

Durante os encontros, o profissional da psicologia pode promover a autonomia do indivíduo com síndrome de Down, reconhecendo seus limites e, a partir daí, buscar ferramentas para evoluir e se potencializar. Também é possível trabalhar a autoestima e o autocontrole, questões fundamentais para qualquer pessoa.

Vale lembrar que, após avaliação de um profissional, o atendimento pode ser feito online, inclusive por meio de operadoras de saúde, facilitando a frequência às sessões e a continuidade do tratamento.

Fatos sobre a síndrome de Down que as pessoas devem saber


Não se trata de uma doença


Engana-se quem pensa que a síndrome de Down é uma doença. Essa condição é genética. Como foi explicado acima, ao invés da pessoa nascer com duas cópias do cromossomo 21, ela nasce com 3 cópias, totalizando 47 cromossomos e não 46 cromossomos formados por 23 pares. Por essa razão, não é adequado dizer que a pessoa que tem síndrome de Down é doente.

Pessoas com síndrome de Down não são todas iguais


Apesar de pessoas com síndrome de Down terem certas semelhanças entre si, como olhos amendoados, baixo tônus muscular e deficiência intelectual, não são todos iguais. Por isso, devemos evitar mencioná-los como um grupo único e uniforme. Todas as pessoas, inclusive as pessoas com síndrome de Down, têm características únicas, tanto genéticas, herdadas de seus familiares, quanto culturais, sociais e educacionais.

Pessoas com síndrome de Down têm deficiência intelectual


Que fique claro, deficiência intelectual não é deficiência mental. Dessa forma, não é apropriado usar o termo "deficiência mental" para se referir às pessoas com síndrome de Down. Deficiência mental é um comprometimento de ordem psicológica.

As pessoas que possuem síndrome de Down não são portadoras de Síndrome de Down


Trazendo o sentido da palavra ‘portador’, a pessoa pode portar, ou seja, carregar ou trazer, uma carteira, um guarda-chuva ou até um vírus, mas não pode portar uma deficiência. A deficiência é uma característica inerente a pessoa, não é algo que se pode deixar em casa, por exemplo. Portanto, o termo "portador" tanto para síndrome de Down quanto para outras deficiências caiu em desuso. O mais adequado é dizer que a pessoa tem deficiência.

A pessoa é um indivíduo, ela não é a deficiência


É importante ter em mente que a pessoa vem sempre em primeiro lugar. Ter uma deficiência não é o que caracteriza o indivíduo. Por isso, antes de citar a deficiência é importante dizer quem é a pessoa primeiro. Não só as pessoas com síndrome de Down, mas também o aluno com autismo, a professora cega, e assim por diante.

Pessoas com síndrome de Down têm opinião


As pessoas com síndrome de Down estudam, trabalham e convivem com todos. Esses indivíduos têm opinião e podem se expressar sobre assuntos que lhes dizem respeito. Em caso de entrevistas, procure falar com as próprias pessoas com deficiência, não apenas com familiares, acompanhantes ou especialistas.

Essas pessoas não devem ser tratadas como coitadinhas


A presença de uma deficiência na pessoa causa algumas limitações, mas, isso não significa que elas são "coitadinhas". Pessoas com síndrome de Down se divertem, estudam, passeiam, trabalham, namoram e se tornam adultos como todo mundo. Nascer com uma deficiência não é uma tragédia, nem uma desgraça, é apenas uma das características da pessoa.

Direito constitucional à inclusão e à cidadania


A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi aprovada no Brasil em 2008 como norma constitucional. Ela diz que cabe ao Estado e a sociedade buscar formas de garantir os direitos de todas as pessoas com deficiência em igualdade de condições com os demais. A Convenção é uma importante ferramenta de acesso à cidadania e precisa ser mais difundida entre as próprias pessoas com deficiência, juristas e a população em geral.


A terminologia é importante


Referir-se de forma adequada a pessoas ou grupo de pessoas é importante para enfrentar preconceitos, estereótipos e promover igualdade.

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Fonte: Movimento Down, psicologia-o-cuidado-nao-conta-cromossomos/" target="_blank">Mano Down e Movimento Down

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