A cirurgia bariátrica realizada com a finalidade de reduzir o peso corporal de pessoas que se encontram em um certo grau de obesidade pode causar efeitos psicológicos decorrentes deste processo cirúrgico. É por isso que além do apoio e atendimento médico o paciente precisa de uma equipe multidisciplinar, o que inclui a assistência de um profissional da psicologia.


Embora a obesidade possa trazer riscos físicos como diabete, dislipidemias, problemas respiratórios, cardiovasculares, osteoarticulares e digestivos; psíquicos como a baixa autoestima, depressão, ansiedade, alterações do comportamento alimentar e até mesmo o risco de isolamento social, a cirurgia bariátrica também podem trazer mudanças não só no corpo do paciente, mas também no aspecto psicológico e emocional.

Dessa forma, o atendimento psicológico é indicado no início do tratamento para a realização da cirurgia bariátrica e após o procedimento também, pois, se trata de uma cirurgia que traz mudanças no dia a dia da pessoa e exige novos hábitos, principalmente alimentares.


Segundo o gastrocirurgião, Eduardo Grecco, tão importante quanto escolher um bom médico, é encontrar um psicólogo. "Por se tratar de um procedimento que traz mudanças profundas ao estilo de vida do paciente, o seguimento psicológico é fundamental."


"As primeiras mudanças ocorrem logo após a cirurgia devido ao trauma cirúrgico e às restrições calóricas. Mas, com o devido acompanhamento multiprofissional essas alterações são rapidamente suplantadas e, os benefícios da cirurgia, rapidamente sentidos. Em alguns casos, podem começar a aparecer manifestações de ansiedade e depressão", afirma Eduardo.

Estudo


Foi publicado na revista Obesity Surgery, um estudo realizado com 94 mulheres e 13 homens. Todos os integrantes da pesquisa fizeram cirurgia bariátrica e foram questionados sobre o seu humor antes de se submeterem à cirurgia, e, novamente, seis e 12 meses após o procedimento.

Grande parte das pessoas apresentam um humor normal ou melhorado após a cirurgia para perda de peso, mas alguns disseram que tiveram alterações de humor negativas. Após 12 meses da operação, quase quatro por cento dos pacientes disseram que se sentiam mais deprimidos do que antes do procedimento. Além disso, cerca de 13% dos pacientes relataram aumento nos sintomas depressivos entre os seis e 12 meses após a cirurgia para perda de peso.

Houve também uma associação significativa entre alterações de humor negativos e níveis mais baixos de autoestima e ajuste social, relataram os autores do estudo. Com isso, os resultados sugerem que o período entre seis e 12 meses após a cirurgia bariátrica pode ser crítico para a detecção e tratamento da depressão em pacientes no início dos sintomas.

Como o corpo e a cabeça reagem


Após a cirurgia o momento é de adaptação, e a psicóloga Soraya Albuquerque Sartori, diz o seguinte: "A pessoa não tem mais fisicamente o mesmo estômago. Não é mais possível comer como antes. Há relatos de vômitos frequentes, desmaios, mal-estar, perda de vitaminas, queda de cabelo, dificuldade de engolir. Há ainda casos de depressão. Porém, a maioria não se arrepende e entende o processo como parte da nova vida que desejava. Mas é preciso reprogramar a cabeça antes da cirurgia. E fazer um acompanhamento depois. Visto que o sucesso está intimamente associado a capacidade psíquica e social do indivíduo".


Podem ainda aparecer sintomas de compulsão, ansiedade e depressão depois da perda de peso com a cirurgia. "A compulsão, em uma análise superficial, normalmente é gerada pelo deslocamento do prazer de comer, antes tido como único e agora quase impossível nos primeiros meses. A compulsão pode aparecer ainda em forma de gastos, sexo, exercícios, bebida alcoólica…A ansiedade e a depressão podem surgir ou se potencializar ao se perceber que a mágica esperada de que ser magro tornaria a vida melhor não ocorre", explica Soraya.

A psicóloga também esclarece que os pacientes podem sentir que seu prazer foi roubado por não participar de atividades sociais e acabar se isolando. Ela também diz que o tratamento vai de caso a caso, para algumas pessoas a terapia é suficiente enquanto para outras pode ser preciso associar o uso de medicamentos.


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Fonte: BoaSaúde e Vittude

Imagem: 123RF