A esquizofrenia é uma patologia psiquiátrica crônica considerada grave, que leva a distorções no pensamento, no comportamento, na percepção e emoções. De maneira geral, se inicia no final da adolescência ou no começo da fase adulta. Entretanto, a esquizofrenia de início precoce é definida como o aparecimento de sintomas psicóticos específicos e prejuízos nas funções adaptativas entre os 13 e os 17 anos. E a esquizofrenia de início muito precoce aparece antes dos 13 anos de idade, ainda na fase infantil.

Segundo o psiquiatra Miguel Boarati, apenas 1% dos casos da doença ocorre abaixo dos 13 anos de idade. O médico também explica que as crianças não possuem maturidade e autonomia suficientes para identificar sintomas e procurar ajuda. Por isso, é fundamental que os pais estejam atentos ao aparecimento de comportamentos suspeitos. Até porque, só assim poderá haver um diagnóstico precoce e, consequentemente, um tratamento com maior possibilidade de sucesso.

Os critérios diagnósticos para esquizofrenia em crianças são os mesmos para a forma adulta, exceto quando as crianças deixam de atingir os níveis esperados de desempenho social e acadêmico. Além disso, a imaturidade normal do desenvolvimento da linguagem e a separação entre a realidade e a fantasia tornam difícil o diagnóstico da esquizofrenia em crianças, principalmente, com antes dos sete anos de idade.

A esquizofrenia infantil envolve uma série de problemas cognitivos, ou seja, do pensamento, comportamento e emoções, podendo resultar na presença de alucinações como por exemplo, percepções irreais e escutar vozes, delírios sendo elas crenças irreais, pensamentos e comportamentos extremamente desordenados que prejudicam a capacidade funcional da criança.

Por ser uma condição crônica que requer tratamento ao longo da vida, é necessário identificar e iniciar o tratamento para a esquizofrenia na infância o mais cedo possível, pois, essa atitude pode melhorar significativamente o resultado a longo prazo. Nesse sentido, certos problemas de desenvolvimento pode ser uma indicação de que a criança tem esta patologia, sendo eles:

Atrasos na linguagem;

Rastreamento tardio ou invulgar;

Caminhada tardia;

Outros comportamentos motores anormais, por exemplo, balanço ou batimento do braço.

Alguns destes sinais e sintomas também são comuns em crianças com Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, como os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). De acordo com psiquiatra, Miguel, por vezes o TEA é confundido com a esquizofrenia. "O termo autismo foi primeiramente utilizado para designar a esquizofrenia em estágio inicial na infância, mas hoje é utilizado apenas para os quadros de esquizofrenia mesmo. Demorou alguns anos de estudos para ocorrer a diferenciação clínica entre quadros de autismo de baixo funcionamento e esquizofrenia", esclarece.


Portanto, excluir esses transtornos do desenvolvimento é um dos primeiros passos no diagnóstico.


Aspectos Clínicos


Geralmente, as crianças que têm esquizofrenia passam a se desinteressar pelas atividades realizadas anteriormente, acompanhadas de isolamento. No início, o quadro é facilmente confundido com depressão, pois a criança torna-se retraída, perde o interesse pelas atividades habituais e passa a apresentar distorções do pensamento e da percepção.

Da mesma forma que acontece com os adultos, a criança pode ter alucinações, delírios e paranoia, temendo que as outras pessoas estejam maquinando para lhe causar danos ou que estejam controlando seus pensamentos. A criança esquizofrênica também pode apresentar contenção das emoções, nem a sua voz nem suas expressões faciais alteram-se em resposta a situações emocionais. Eventos que normalmente provocam o riso ou o choro podem não produzir qualquer resposta.

O início do quadro da esquizofrenia na infância costuma ser lento, podendo levar meses ou anos para se chegar ao diagnóstico devido à interpretação da alteração do comportamento como período de transição entre as fases normais do desenvolvimento ou como consequência de algum acontecimento marcante. Quando os sinais e sintomas estão presentes, como os delírios e as alucinações, com queda no rendimento escolar, insônia, agitação, agressividade o diagnóstico é mais evidente. As crianças com esquizofrenia podem ter risos inadequados ou chorar sem serem capazes de explicar o motivo.

Quando buscar ajuda profissional?


É importante procurar ajuda médica como de um psiquiatra, assim como orientação psicológica se a criança:

Tiver atrasos de desenvolvimento em comparação com outros irmãos ou colegas;

Parar de realizar atividades diárias, como tomar banho ou vestir-se;

Não quiser mais se socializar;

Estiver apresentando um baixo desempenho escolar;

Apresentar estranhos rituais alimentares;

Demonstrar excessiva suspeita dos outros;

Mostrar uma falta de emoção ou emoções inadequadas para a situação;

Apresentar ideias e medos estranhos;

Confundir sonhos ou programas da televisão com a realidade;

Apresentar ideias, comportamentos ou falas estranhas;

Tiver comportamento violento ou agressivo ou agitação.

No entanto, vale ressaltar que esses sintomas gerais não significam necessariamente que a criança tem esquizofrenia infantil. Pode indicar uma fase, outro transtorno de saúde mental, como depressão ou um transtorno de ansiedade, ou uma condição médica. Por isso, é fundamental o atendimento médico e profissional o mais rápido possível caso haja dúvidas sobre o comportamento ou desenvolvimento da criança.

Diagnóstico


O diagnóstico de esquizofrenia na infância envolve a exclusão de outros distúrbios de saúde mental e a determinação de que os sintomas não são devidos ao abuso de substância, medicação ou uma condição clínica. O processo de diagnóstico pode envolver:

Exame físico - para ajudar a excluir outros problemas que possam estar causando sintomas e para verificar se há complicações relacionadas.

Testes e exames - os testes podem ajudar a excluir certas condições com sintomas semelhantes. O médico também pode solicitar estudos de imagem, como uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada.

Avaliação psicológica - isso inclui observação de aparência e comportamento, perguntando sobre pensamentos, sentimentos e padrões de comportamento, incluindo quaisquer pensamentos de autoagressão ou prejudicar outros, avaliando a capacidade de pensar e funcionar em um nível adequado à idade e avaliar humor, ansiedade e possíveis sintomas psicóticos. Isto também abrange uma discussão da família e da história pessoal.

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Fonte: Cuidados pela vida e Hospital Santa Mônica

Imagem: 123RF